Lula vai à Bolívia para falar sobre gás e narcotráfico, diz Morales| Foto: Reuters

Brasil e Bolívia conversarão no sábado sobre novos acordos para estabilizar o comércio de gás natural e desenvolver a cooperação regional contra o tráfico de drogas, anunciou nesta quarta-feira o presidente boliviano, Evo Morales, ao confirmar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país.

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Lula, um dos principais aliados externos do líder indígena, ficará apenas algumas horas no sábado na região produtora de coca de Chapare, numa visita adiada desde abril que marcará também a assinatura de um financiamento viário de mais de 300 milhões de dólares.

O Brasil é de longe o principal parceiro comercial da Bolívia e a chegada de Lula ao berço político do esquerdista Morales ocorrerá apenas uma semana depois de o dirigente lançar oficialmente sua campanha para a reeleição. O pleito está marcado para dezembro.

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"Há sempre uma agenda bilateral (...), com certeza vamos mencionar o preço e outros temas do gás que é exportado ao Brasil, pois há uma certa conta pendente da Petrobras," disse o mandatário boliviano numa entrevista coletiva.

Morales, que nacionalizou a indústria petrolífera em 2006, se referia a uma dívida da Petrobras, de mais de 100 milhões de dólares, por líquidos associados ao gás natural recebido da Bolívia em anos anteriores. Ele também se referia à redução da demanda brasileira de gás nos últimos meses.

A economia da Bolívia está baseada nas exportações de matéria-prima e enfrenta dificuldades pela queda da demanda brasileira de gás, que no primeiro semestre ficou com 20 milhões de metros cúbicos diários ante uma promessa anterior de 30 milhões, agravando o impacto da queda dos preços mundiais dos hidrocarbonetos.

O preço atual do gás que a Bolívia exporta para o Brasil é de 4,60 dólares por milhão de unidades térmicas britânicas, e o governo boliviano admitiu que o valor das vendas ao país vizinho poderia cair este ano em pelo menos 30 por cento após o recorde de 2,851 bilhões de dólares em 2008.

Essas dificuldades estão sendo parcialmente compensadas pelo aumento do bombeamento para a Argentina, numa média atual de seis milhões de metros cúbicos diários de gás, a um preço igual ao do mercado brasileiro.

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Sobre a luta contra o narcotráfico, Morales disse que voltará a discutir com Lula sua proposta de uma "regionalização" de esforços, matéria aparentemente importante para a Bolívia desde a expulsão em novembro de 2008 da agência antidrogas norte-americana, a DEA.

Morales acrescentou que também deve conversar com Lula sobre temas políticos internacionais, como a situação em Honduras após o golpe contra o presidente Manuel Zelaya, a quem tanto o mandatário boliviano como o brasileiro deram firme apoio.