Em mais um ato de sua ofensiva contra empresas privadas, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou nesta sexta (6) que o governo assuma controle de uma rede de supermercados cujas lojas já estavam ocupadas por fiscais e militares.
Maduro não citou nominalmente a empresa visada, mas presume-se que se trata da Día Día, cujo dono está preso sob acusação de criar filas propositalmente para irritar a população e jogá-la contra o governo.
"A partir de [sábado], a rede PDVAL [de supermercados estatais] assume todos os serviços desta empresa que estava travando guerra contra o povo", disse o presidente.
As operações do Día Día passarão a ser coordenadas pela Superintendência dos Preços Justos, órgão do governo que controla preços impostos aos comerciantes.
A tomada da rede é amplamente vista como uma expropriação semelhante às dezenas já ordenadas pelo governo esquerdista implantado por Hugo Chávez (1999-2013) e mantido por Maduro, seu sucessor.
Maduro, porém, não especificou se a PDVAL manterá o controle da empresa de maneira definitiva.
O ataque contra a rede Día Día começou na segunda (2), quando o presidente acusou a empresa de fazer parte da suposta "guerra econômica" lançada pelo setor privado com apoio da oposição.
No dia seguinte, fiscais do governo ocuparam as 35 lojas da rede espalhadas pelo país e prometeram acabar com as filas. Detido desde então, Manuel Andrés Morales Ordosgoitti, foi formalmente acusado nesta sexta (6) pelos delitos de boicote e desestabilização da economia.
Duas outras empresas privadas foram alvos de medidas semelhantes. A distribuidora Cárnica 2005 passou a ser controlada pela PDVAL. Dois donos dos rede de farmácias Farmatodo estão presos também sob a acusação de apoiar a "guerra econômica."
Saúde privada
Além da ofensiva contra varejistas, o governo sinaliza estar abrindo nova frente de ataque, desta vez contra o sistema de saúde privado.
O serviço de inteligência prendeu e interrogou durante três horas nesta sexta (6) o presidente da Associação de Clínicas e Hospitais, Carlos Rosales, que vinha denunciando nos últimos dias a gravidade da escassez de remédios e insumos médicos.
Críticos acusam Maduro, cujo apoio popular caiu para 22%, de atacar empresas para tentar se eximir da situação em que o país chegará ao pleito parlamentar do segundo semestre.
Os venezuelanos sofrem com a falta de produtos de consumo, enormes filas no comércio e a inflação mais alta do mundo (64%). A crise deve piorar pela queda do preço de petróleo, maior fonte de arrecadação do país.
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