Genebra - O êxodo de trabalhadores estrangeiros da Líbia, que deixam o país do Norte da África fugindo da violência e do caos, chegou a 145 mil ontem, com a situação atingindo um "ponto de crise". Cerca de 14 mil pessoas cruzaram a fronteira da Líbia para a Tunísia em apenas um dia, informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Outras 40 mil pessoas esperavam, no lado líbio, para atravessar a fronteira.
Trabalhadores humanitários não conseguem mais entrar no oeste da Líbia, disseram funcionários da ONU. "A situação está chegando a um ponto de crise", alertou Melissa Fleming, porta-voz da ACNUR.
Milhares de vietnamitas e bengaleses estão no lado líbio da fronteira com a Tunísia, "com uma necessidade urgente de comida, água potável e abrigo", informou Jemini Pandya, uma porta-voz da Organização Internacional da Imigração (OII). Nepaleses, nigerianos e ganenses também estão espalhados em grupos ao redor da fronteira, sem abrigo.
"Com milhares de imigrantes ainda esperando autorização para entrar na Tunísia, existe uma necessidade urgente de descongestionar a região da fronteira, a qual não tem instalações adequadas para alojar grandes números de pessoas", disse Marc Petzold, chefe da OII na região.
Trabalhadores imigrantes em fuga também são alvejados pelos insurgentes líbios, que muitas vezes os confundem com os mercenários africanos que Kadafi trouxe para esmagar a insurgência.
Tradicionalmente, a Líbia tem sido um país de trânsito e destino para refugiados. Entre eles estão palestinos, iraquianos, sudaneses, etíopes, somalis e eritreus. A situação é especialmente delicada para os africanos subsaarianos na Líbia, onde nos últimos dias 10 somalis foram mortos violentamente.
"Os africanos estão particularmente em risco porque são associados aos mercenários estrangeiros da África sub-saariana, mesma região de origem de vários refugiados vivendo na Líbia", ressaltou António Guterres, alto comissário da Acnur.
Guterres pediu que os governos vizinhos no norte da África e da Europa mantenham abertas as suas fronteiras terrestres, aérea e marítima para as pessoas obrigadas a fugir da Líbia.