A jovem paquistanesa Malala Yousafzai e o indiano Kailash Satyarthi receberam nesta quarta-feira (10) o prêmio Nobel da Paz, durante uma cerimônia em Oslo, na Noruega. Baleada pelo Taleban, Malala recebeu o prêmio devido à sua luta pela educação de mulheres, enquanto o indiano foi escolhido por sua atuação contra o trabalho infantil.
Aos 17 anos, Malala é a mais jovem pessoa agraciada com o Nobel da Paz. Em 9 de outubro de 2012, membros da milícia fundamentalista talibã interceptaram o ônibus escolar em que a adolescente viajava e dispararam contra ela, acusando-a de profanar o Islã. Na época, ela tinha um blog em que defendia o direito à educação. Duas colegas de turma que também foram feridas no atentado assistiram à entrega do prêmio.
"Eu conto a minha história não porque ela é única, mas porque não é", disse Malala, de 17 anos, que lançou um livro e tem uma fundação com seu nome. "Essa é a história de muitas meninas", disse ela na Prefeitura de Oslo, em evento no dia do aniversário da morte do industrial sueco Alfred Nobel.
Malala, que chegou à Noruega com amigos e jovens ativistas do Paquistão, Síria e Nigéria, se encontrou com milhares de crianças, caminhou pelas ruas para saudar apoiadores e vai inaugurar uma exibição em que o vestido sujo do sangue que ela usava no dia do ataque ao ônibus será exposto.
Menos conhecido do grande público, Satyarthi luta desde a década de 1980 contra a situação de milhares de crianças indianas que trabalham em fábricas em regime de semiescravidão.Su organização, Bachpan Bachao Andolan (Movimento para Salvar a la Infância) afirma ter tirado 80 mil crianças das fábricas.
"Eu perdi dois dos meus colegas", disse Satyarthi sobre seu trabalho. "Carregar o corpo de um colega que está lutando pela proteção de crianças é algo que nunca vou esquecer, mesmo quando sento aqui para receber o prêmio Nobel da Paz."
O prêmio de 2014 pode ajudar o Comitê Norueguês do Nobel a recuperar sua reputação após escolhas controversas nos últimos anos, como a União Europeia e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.