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O óleo pesado oriundo do vazamento no golfo do México começou a chegar na quarta-feira aos delicados manguezais da Louisiana, e parte do material entrou numa poderosa corrente marítima que pode levar a poluição às costas da Flórida e de Cuba.

Enquanto isso, a empresa BP continua tentando conter o vazamento no seu poço petrolífero, 1.600 metros abaixo da superfície, num acidente que ameaça provocar graves prejuízos ambientais e econômicos.

"Não eram bolas de piche, não era um brilho (de óleo). Era petróleo pesado nos nossos mangues", disse o governador da Louisiana, Bobby Jindal, após percorrer de barco o extremo sul da foz do Mississippi.

Os manguezais servem como criadouros de camarões, ostras, caranguejos e peixes que fazem da Louisiana o principal Estado produtor de frutos do mar nos EUA continentais, além de um importante destino para praticantes da pesca recreativa. Os EUA já proibiram a atividade pesqueira em parte da sua porção do golfo do México.

Meteorologistas do governo dos EUA disseram que uma "pequena porção" da parte mais leve e brilhante da mancha já entrou na chamada corrente do Laço, o que pode levar o material para as ilhas Key (Flórida), para Cuba e até para a Costa Leste dos EUA.

O vazamento começou em 20 de abril, quando uma plataforma petrolífera explodiu e naufragou, deixando 11 mortos. Cerca de 800 mil litros de petróleo saem do poço acidentado diariamente, mas a BP afirmou que está conseguindo capturar cerca de 477 mil litros por dia com um sifão. A partir de domingo, a empresa pretende injetar lama no poço, para tentar conter definitivamente o vazamento.

Mas especialistas disseram a uma comissão parlamentar que o vazamento na verdade pode ser muito maior. Steve Wereley, professor-associado de engenharia mecânica da Universidade Purdue, estimou a quantidade em 70 mil barris (8,35 milhões de litros) por dia. "Todas as estimativas externas são consideravelmente superiores à da BP."

As ações da BP fecharam em queda de quase 2 por cento na quarta-feira em Londres, ampliando as recentes perdas desses papéis.

Na Flórida, o setor turístico recebeu com alívio a notícia de que o piche encontrado nesta semana em ilhas do Estado não era proveniente do acidente no golfo. Mas funcionários disseram que o turismo da Flórida, que movimenta 60 bilhões de dólares por ano, já começou a se ressentir.

Também foram encontradas bolas de piche na costa do Texas, que estão sendo submetidas a exames. Um oficial da Guarda Costeira disse no entanto que é "altamente improvável" que elas tenham relação com o acidente.

O vazamento também deu ensejo a um raro diálogo oficial entre Cuba e EUA, por causa da possibilidade de que o material levado pela corrente do Laço atinja a costa noroeste da ilha. O Departamento de Estado disse que houve uma reunião "em nível de trabalho" com funcionários do regime comunista para discutir a questão.

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