Manifestantes pró-democracia de Hong Kong anunciaram, antes que expirasse o ultimato do governo, sua retirada de alguns locais de protestos, apesar de continuarem com o movimento ao redor de prédios do executivo local.Eles, que há uma semana ocupavam o bairro comercial de Mong Kok, deixarão o local em direção ao bairro dos ministérios -onde se encontram outros manifestantes-, anunciou o Occupy Central, principal coalizão pró-democracia, em seu Twitter.
Os manifestante também anunciaram que abrirão a Lung Wo Road para a circulação, uma das principais vias da cidade, até agora bloqueada, para permitir que milhares de pessoas retornem ao trabalho nesta segunda-feira (6), após uma semana de paralisação em função das manifestações e de dois dias de comemorações da festa nacional chinesa.
No entanto, a decisão não foi imediatamente obedecida pelos estudantes, o outro grande grupo por trás do movimento. De fato, a Occupy Central indicou, um pouco mais tarde, que a via, brevemente evacuada, havia sido outra vez ocupada.
O chefe do executivo local, Leung Chun-ying, considerado uma "marionete" de Pequim pelos manifestantes que brigam por maior liberdade política, lançou, nesta noite, um ultimato para que os militantes se dispersassem e voltassem para casa.Leung Chun-ying expressou a determinação das autoridades para "tomar todas as medidas necessárias para restabelecer a ordem pública".
"É preciso permitir que os 7 milhões de habitantes de Hong Kong voltem para uma vida e o trabalho normais", afirmou.
Diálogo
Na noite de sábado (5), líderes estudantis aceitaram retomar o diálogo com o governo local.
O principal sindicato estudantil de Hong Kong, que suspendeu as negociações com o governo diante da falta de ação da polícia durante os ataques contra os manifestantes na sexta-feira, admitiu se reunir com as autoridades caso a omissão da polícia fosse investigada.
"O governo deve mostrar seu compromisso com a investigação dos fatos e dar uma explicação à opinião pública o mais rápido possível", disse a Federação de Estudantes de Hong Kong (HKFS), em referência às acusações de conluio entre as autoridades e a "tríade", a máfia chinesa.As autoridades de Hong Kong negaram firmemente que o governo tenha recorrido à "tríade" para atacar os manifestantes. "Estas acusações são fabricadas e excessivas", disse o secretário de Segurança de Hong Kong, Lai Tung-Kwok.
A Anistia Internacional, porém, denunciou que mulheres que participaram das manifestações foram vítimas de agressões sexuais e assédio.
"Mulheres e meninas foram alvos de agressões sexuais, assédio e intimidação", assinalou a AI, acusando a polícia de faltar com seu dever de proteger os manifestantes na noite de sexta-feira diante dos ataques da "tríade".
Hong Kong, ex-colônia britânica, enfrenta a sua maior crise política desde a devolução à China, em 1997.
A "revolução dos guarda-chuvas", como é chamada nas redes sociais, tem uma grande repercussão no exterior, onde houve concentrações de apoio em vários países.
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