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Centenas de pessoas revoltadas com a prisão de um ativista pró-direitos humanos entraram em choque com a polícia e partidários do governo da Líbia, na cidade de Benghazi, no leste do país, segundo relatos de uma testemunha e da mídia local.

A Líbia é rigidamente controlada há mais de 40 anos pelo líder Muamar Kadafi, mas também vem sentindo o contágio das revoltas populares que derrubaram os governos nos países vizinhos Egito e Tunísia.

A televisão estatal líbia disse que manifestações foram promovidas na madrugada da quarta-feira em todo o país em apoio a Kadafi, o líder africano que está há mais tempo no poder.

Relatos vindos de Benghazi, situada a mil quilômetros a leste da capital líbia, indicaram que a situação na cidade agora é de calma, mas que durante a noite manifestantes armados com pedras e coquetéis Molotov atearam fogo a veículos e entraram em choque com a polícia.

Os manifestantes estavam revoltados com a prisão de um ativista dos direitos humanos e exigiam a libertação dele.

Adversários de Kadafi usaram o site de relacionamento social Facebook para convocar pessoas a saírem às ruas de todo o país na quinta-feira para o que descreveram como um "dia de ira".

O jornal Quryna, de Benghazi, citou o diretor de um hospital local como tendo dito que 38 pessoas ficaram feridas nos choques, em sua maioria membros das forças de segurança. Todas já teriam recebido alta.

"A noite passada foi ruim", disse à Reuters pelo telefone um morador de Benhazi que não quis ser identificado.

"Havia mais ou menos 500 ou 600 pessoas envolvidas. Elas foram para o comitê revolucionário (sede do governo local) no distrito de Sabri e tentaram ir até o comitê revolucionário central. Atiraram pedras", disse o morador.

"Agora a situação em Benghazi é de calma. Os bancos estão abertos e os estudantes estão indo à escola", disse a mesma testemunha mais tarde.

Alguns líbios se queixam do desemprego alto, desigualdade de renda e limitações às liberdades políticas, mas analistas dizem que uma revolta ao estilo da do Egito é pouco provável.

Um videoclipe postado no site YouTube por alguém que afirmou que o vídeo foi gravado em Benghazi na noite de terça-feira mostra uma multidão de pessoas diante do que parece ser um edifício governamental gritando "nenhum Deus senão Deus!" e "a corrupção é inimiga de Deus."

O jornal Quryna disse que pessoas reivindicando a libertação do ativista de direitos humanos Fethi Tarbel estavam armadas com coquetéis Molotov e atiraram pedras contra a polícia na praça Shajara, em Benghazi.

Histórico de confiança

A população de Benghazi e da região em volta da cidade tem um histórico de desconfiança em relação ao governo de Gaddahi. Das centenas de pessoas encarceradas na Líbia nos últimos dez anos por integrarem grupos militantes islâmicos proibidos, muitas são da cidade.

Um analista disse que é improvável que a turbulência se espalhe para todo o país, mas que a violência em Benghazi pode aumentar o número de participantes em um protesto planejado para quinta-feira.

Em uma possível reação à turbulência em Benghazi, a Líbia vai libertar 110 membros do grupo militante Grupo Líbio de Luta Islâmica da prisão de Abu Salim, em Trípoli, na quarta-feira, disse um ativista dos direitos humanos.

Usada para encarcerar opositores do governo e militantes islâmicos, a prisão foi palco de enfrentamentos violentos em junho de 1996 nos quais mil detentos foram mortos a tiros.

Desde o ano passado, quando a liderança do grupo renunciou à violência, dezenas de acusados de participarem do grupo já foram libertados.

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