Manifestantes argentinos tomaram as ruas do país hoje em ato para marcar o 37º aniversário do golpe de Estado que aconteceu em 1976. Exibindo fotos e cartazes, os protestantes homenagearam os milhares de desaparecidos durante o período da ditadura.
Convocadas por organizações políticas, sociais e de direitos humanos, multidões se aglomeraram nas praças das principais cidades da Argentina e, especialmente, na Praça de Maio em Buenos Aires, onde as famílias dos desaparecidos se reúnem há anos para reivindicar justiça.
Centenas de pessoas passaram o dia no emblemático ponto da capital argentina, defendendo o lema "Por uma Justiça democrática: Chega de corporativismo judicial".
Grande parte dos manifestantes atenderam às convocações feitas pelas associações de avós, mães e filhos de desaparecidos, que ganham força quando o país celebra o Dia Nacional da Memória pela Verdade e a Justiça.
Mesmo de forma não oficial, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, também quis homenagear as vítimas da ditadura, e em sua conta no Twitter, estimulou os cidadãos do país "a continuar lutando para conquistar a igualdade".
"Seguir lutando por mais igualdade, pelos que têm menos, para estar sempre junto a eles. Esse é o mandato dos 30 mil desaparecidos", postou a presidente na rede social.
A governante prestou a primeira homenagem aos parentes dos desaparecidos ontem por meio de um vídeo postado no canal que a Casa Rosada tem no YouTube, e protagonizado pela presidente da Associação de Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto.
Esquecer
Estela aproveitou a data de hoje para chamar atenção para o grande número de cidadãos que aderiram à causa de "não esquecer", especialmente os jovens, "os quais vemos como um presente de futuro promissor", diante dos "obscuros fatos do passado".
As emissoras de rádio também homenagearam hoje os desaparecidos, principalmente a rádio "La Voz de Las Madres" (A Voz das Mães), que ao longo do dia transmitiu uma programação especial realizada em uma unidade móvel na rua, e que contou com a participação de jornalistas, políticos, músicos e escritores.
Fora da capital, na cidade de Córdoba, o grupo "Hijos" celebrou os "avanços em matéria de memória, verdade e justiça" 37 anos depois do golpe de Estado.
"Graças a um povo que se negou a esquecer e à vontade política de um governo que, desde 2003, fez desta luta uma política de Estado, hoje podemos presenciar em Córdoba o quinto julgamento por crimes de lesa-humanidade", ressaltou a associação em comunicado.
A Justiça argentina tem 12 processos por crimes de lesa-humanidade abertos nas províncias de San Juan, Jujuy, Santa Fé, Tucumán, Chaco, Chubut, Córdoba e na capital Buenos Aires, todos relacionados à ditadura que teve início em 1976.