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Milhares de sindicalistas e camponeses bolivianos completaram nesta quarta-feira (15) a metade da caminhada de 200 quilômetros até La Paz, aumentando a pressão para que o Congresso convoque um referendo sobre uma nova Constituição promovida pelo presidente Evo Morales.

A chamada "marcha pela refundação da Bolívia" prossegue enquanto persistem as dúvidas em torno de um acordo entre governo e oposição antes da votação parlamentar de quinta-feira sobre a convocação do referendo.

A oposição tenta introduzir alterações de última hora no projeto constitucional, em troca dos votos necessários para convocar a votação popular - é necessária uma maioria de dois terços.

Os mais de 10 mil manifestantes, entre eles centenas de mulheres indígenas carregando crianças, chegaram na quarta-feira a Patacamaya, cerca de 100 quilômetros ao sul de La Paz, segundo imagens mostradas na TV.

"Estamos cada dia mais fortalecidos e unidos para chegar a La Paz e não voltar de lá sem a lei do referendo", disse Isaac Avalos, líder da Confederação de Camponeses.

Ele acrescentou que, se nesta semana o Congresso aprovar a convocação, "a marcha terminará sendo uma festa", mas que do contrário ela "se transformará em um cerco até as últimas consequências".

A caminhada pelo Altiplano começou na segunda-feira, num ato em que Morales pediu à oposição que "deixe que o povo exerça o seu direito de votar" e a desafiou a rejeitar a mudança constitucional "com votos e consciência em vez de violência".

A nova Carta, que inclui um regime de autonomias pleiteado pela oposição, dará mais poder aos indígenas, eliminará os latifúndios e consolidará o controle estatal sobre a economia.

O ministro do Desenvolvimento Rural, Carlos Romero, que participa da negociação, disse que o governo aceita acrescentar apenas "esclarecimentos" ao texto, enquanto a oposição quer mudanças.

"As questões de fundo já foram resolvidas pela Assembléia Constituinte, aqui não podemos negociar todo o texto", disse Romero. "Os tempos se esgotam, a negociação não pode se prolongar indefinidamente."

O presidente do Senado, Oscar Ortiz, disse que seu partido direitista Podemos continuará negociando, apesar de considerar que o agendamento da votação no plenário e a marcha dos camponeses criam uma "pressão injustificada e perigosa".

O Podemos foi a principal força oposicionista na Constituinte, a qual abandonou antes da votação final, em dezembro.

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