Na última entrevista concedida antes de voltar à Terra, o astronauta brasileiro Marcos César Pontes defendeu nesta sexta-feira sua missão na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Respondendo a jornalistas brasileiros, o astronauta admitiu que a verba de US$ 10 milhões gasta pelo governo brasileiro na viagem poderia ter sido usada na formação de mestres e doutores, mas disse acreditar que vai motivar jovens a estudar ciência no futuro. Marcos Pontes já se prepara para voltar à Terra neste sábado.

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Indagado se estaria "colocando o carro na frente dos bois", já que o Brasil tem um programa espacial incipiente, o astronauta recorreu ao pioneiro da aviação, Santos Dumont, para demonstrar a importância de sua viagem à ISS.

- É como dizer que Santos Dumont tenha posto o avião na frente dos balões - disse ele, destacando que o brasileiro estava à frente de seu tempo e de seus colegas cientistas.

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Pontes disse ainda que o custo da missão é relativo:

- É relativo essa questão de custo. O quanto de alunos que vão se interessar pela ciência depois dessa viagem? Quantos vão deslanchar? - indagou o astronauta.

Marcos Pontes disse receber com tranqüilidade as críticas à missão:

- O Brasil é um só, não tem divisões. Críticas construtivas são saudáveis e vamos trabalhar juntos.

Perguntado se temia que a missão fosse explorada politicamente nas próximas eleições, Pontes disse não saber a resposta, mas frisou que é um técnico, não um político.

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Em uma mensagem no final da entrevista, Pontes disse que o fato de a bandeira brasileira ter chegado ao espaço representa muito para o futuro e a História do Brasil.

A viagem do astronauta tem sido criticada porque não aconteceu devido a um avanço real da tecnologia espacial brasileira. O governo brasileiro pagou para que o brasileiro pudésse decolar na nave russa Soyuz. Das oito experiências realizadas por Pontes no espaço, duas foram elaboradas por estudantes de escolas municipais, entre elas a de plantar feijões.

Após o retorno, o astronauta deve passar de uma a duas semanas em uma clínica na Rússia para se recuperar dos efeitos adversos que a microgravidade causa no corpo humano.

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