WASHINGTON - A carreira de quase duas décadas de Valerie Plame na CIA (agência secreta dos EUA) e a vida secreta que criou para esconder isso foram destruídas quando sua identidade foi revelada por um colunista de jornal, disse seu marido, Joe Wilson, em entrevista ao programa "60 Minutes", da CBS, transmitida no domingo.
Wilson, ex-diplomata de carreira, contou que Plame, de 42 anos, ficou chocada quando viu o nome publicado pela coluna de Robert Novak.
"Ela sentiu como se tivesse sido atingida no estômago", afirmou Wilson. "Quando ele publicou o nome ficou muito fácil revelar tudo sobre ela, toda a sua cobertura", acrescentou.
Perguntado se ela percebeu que sua carreira como agente secreta da CIA havia terminado, Wilson disse: "Claro. Não havia dúvidas".
Wilson alega que a identidade da mulher foi revelada deliberadamente pelo governo Bush por vingança devido à posição de desafio dele à inteligência americana antes da guerra no Iraque.
Lewis Libby, ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney, foi indiciado na sexta-feira por obstrução da justiça e perjúrio em conseqüência da investigação de dois anos sobre quem foi responsável pelo vazamento da identidade de Plame.
A CIA recusou-se a comentar, dizendo que o processo legal ainda está correndo.
Antes da revelação, a identidade de Plame era mantida em segredo. Amigos e até mesmo parentes não sabiam sobre o seu trabalho, disse Wilson ao "60 Minutes".
"No dia em que apareceu o artigo do senhor Novak, minha cunhada virou para o meu irmão e perguntou 'Você acha que Joe sabia?'. Então, nem mesmo meu irmão ou minha cunhada nem ninguém da minha família direta sabia", contou Wilson.
O ex-agente da CIA Jim Marcinkowski, que agora é procurador municipal em Royal Oak, em Michigan, disse ao programa que a exposição do nome de Plame é "escandalosa".
"Gente da CIA não gosta de câmeras. Não gostamos de publicidade. Operamos nos bastidores tanto quanto for possível. Então ela ficou em uma posição muito, muito desconfortável", observou Marcinkowski, que treinou com Plame na CIA.
O jornal "Washington Post" publicou uma reportagem dizendo que Plame, filha de um coronel da Força Aérea e de uma professora, foi recrutada pela CIA quando tinha 22 anos, pouco depois de se formar pela Universidade do Estado da Pensilvânia.
Ela foi treinada em uma sede da CIA conhecida como "A Fazenda", perto de Williamsburg, na Virgínia, e estava na turma de oficiais de 1985-86.
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