O republicano John McCain e o democrata Barack Obama fazem nesta segunda-feira (6) o aquecimento para o debate desta semana lançando novos ataques recíprocos.
Atrás nas pesquisas nacionais e em Estados importantes a menos de um mês da eleição presidencial norte-americana, McCain acusou Obama de lançar "uma avalanche de insultos irritados" e questionou as realizações do rival. "Quem é o verdadeiro Barack Obama?", perguntou ele durante ato eleitoral no Novo México.
"É como se de alguma forma as regras habituais não se aplicassem e, onde outros candidatos têm de explicar a si e a seu histórico, o senador Obama parece se achar acima disso", disse McCain.
No fim de semana, a campanha de McCain insistiu nas críticas a Obama por ter trabalhado em uma instituição comunitária de Chicago ao lado do ex-militante radical William Ayers.
A campanha de Obama reagiu com um vídeo e um anúncio na Internet lembrando do envolvimento de McCain com um escândalo financeiro de duas décadas atrás, relacionado à instituição de crédito e poupança Keating Five.
"Eis alguém que vê a América como imperfeita a ponto de trabalhar com um ex-terrorista doméstico que atacou o seu próprio país", disse na Flórida a candidata republicana a vice-presidente Sarah Palin, que no fim de semana acusou o rival de "confraternizar" com terroristas.
David Plouffe, coordenador da campanha democrata, disse que "a história de McCain com Keating é relevante e os eleitores merecem conhecer os fatos". No domingo, a campanha de Obama havia dito que o republicano, de 72 anos, se comportava de forma "errática" na atual crise econômica.
O agravamento da atual crise coincide com um aumento de Obama nas pesquisas. Na segunda-feira, as Bolsas voltaram a despencar, num sinal de que o pacote financeiro de 700 bilhões de dólares aprovado pelo governo pode não bastar para evitar uma recessão.
A campanha de McCain tenta desesperadamente tirar o foco da economia, e o debate de terça-feira pode ser uma nova chance para isso. Já a campanha de Obama tenta manter a crise na pauta.
"Não imagino nada mais importante do que falar de uma crise econômica", disse o candidato democrata a jornalistas em Asheville, na Carolina do Norte, onde se prepara para o confronto desta terça-feira (7).
"A noção de que gostaríamos de deixar isso de lado e participar das habituais manobras políticas e táticas amedrontadoras que vieram a caracterizar muitas campanhas políticas - acho que isso não é o que o povo norte-americano está procurando", acrescentou o senador democrata.
Guerra de Anúncios
Obama, de 47 anos, era criança na época em que o grupo de Ayers, o Weather Underground, estava ativo. Ele afirma que mal conhece o ex-militante, que contribuiu financeiramente com uma campanha do político ao Senado estadual de Illinois e certa vez ofereceu um café para Obama em sua casa.
Em resposta aos ataques sobre o envolvimento com Ayers, a campanha de Obama lembrou da participação de McCain em duas reuniões com autoridades reguladoras para ajudar seu amigo Charles Keating, posteriormente condenado por fraude financeira.
O escândalo foi parte de uma crise mais ampla no final da década de 1980 e começo da de 1990, quando o colapso de instituições de crédito e poupança provocou prejuízos superiores a 100 bilhões de dólares para os contribuintes dos EUA - num cenário que lembra a atual crise.
Uma comissão de ética do Senado criticou McCain por sua "má avaliação," e o senador repetidamente diz que cometeu erros naquele caso.
As mútuas agressões podem prenunciar um debate encarniçado nesta terça-feira (7) em Nashville, no Tennessee. Será o segundo de três encontros nesta campanha - o último está marcado para o dia 15 em Hempstead, Nova York.
"O tom do debate de amanhã provavelmente será muito mais negativo", disse o consultor republicano Todd Harris. "Como McCain já estabeleceu a expectativa de que irá agressivamente para cima de Obama, acho que podemos esperar que McCain passe a noite toda na ofensiva."
As pesquisas mostraram que Obama foi o vencedor do primeiro debate. Mas o confronto de terça-feira será no formato "encontro com eleitores", que McCain costuma adotar em seus eventos e onde se sai bem.
Cerca de cem eleitores indecisos de Nashvillle, identificados pelo instituto Gallup, foram pré-selecionados para fazer perguntas. A decisão final será do mediador, Tom Brokaw, da NBC News.
Num cenário pouco estruturado, na Universidade Belmont, os candidatos ficarão sentados em banquetas e poderão se deslocar livremente pelo palco.