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US$ 300 bilhões

McCain propõe plano com corte de imposto e ajuda a aposentados

O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, John McCain, apresentou nesta terça-feira (14) um plano econômico, enquanto tenta recuperar terreno na corrida presidencial, liderada por seu rival democrata Barack Obama. Segundo algumas agências de notícias, o pacote de McCain soma US$ 52 bilhões, sem contar o resgate de hipotecas vencidas que o candidato sugeriu na semana passada. Nesta terça-feira, McCain disse que o custo direto do plano para as hipotecas será de US$ 300 bilhões. O dinheiro seria retirado do pacote de US$ 700 bilhões recentemente aprovado pelo Congresso para resgatar o sistema financeiro.

Com as pesquisas mostrando que mais americanos confiam em Obama para lidar com a crise econômica, McCain revelou uma série de propostas, nesta terça-feira, para ajudar aposentados, trabalhadores e também os cidadãos com hipotecas que correm o risco de perder as casas. O senador pelo Arizona propôs a redução de impostos para aposentados que retirarem dinheiro de seus planos de pensão e também disse que suspenderá as normas de impostos que, ele disse, "forçam os mais velhos a vender seus ativos em meio à crise financeira".

McCain disse que irá acelerar a dedução de impostos para as pessoas forçadas a venderem ações com perdas nas atuais condições de mercado, e reduzirá os impostos sobre ganhos de capital em 2009 e 2010 "para aumentar o incentivo a poupar e investir", de acordo com um comunicado que ressalta as propostas Os idosos americanos "assistiram aos mercados financeiros realizarem um ataque diário a poupanças de uma vida inteira nas últimas semanas", disse o comunicado. "Famílias são forçadas a vender com perdas para pagarem as contas".

McCain disse que saques das contas de aposentadoria - regulados pelas normas IRA e 401 (k) - deveriam ser tributados pela menor alíquota, 10%, neste ano e no próximo, para um primeiro saque de US$ 50 mil destas contas a cada ano. Os fundos de pensão privados regulados pela norma 401 (k) têm vantagens fiscais e são o instrumento mais usado nos EUA para fazer poupança para aposentadoria. Cerca de US$ 3 trilhões estão investidos nesses planos.

O republicano propôs reduzir a alíquota máxima do imposto sobre os ganhos de capital para 7,5% em 2009 e 2010, para não penalizar os americanos forçados a vender ações sob as atuais condições de mercado.

Na semana passada, o senador pelo Arizona revelou "um Plano McCain de Recuperação" para comprar hipotecas vencidas diretamente dos proprietários das residências e dos serviços de hipoteca bancária, e substituí-los por hipotecas com taxas de juros fixos, o que permitiria às famílias manterem as casas.

Ele também pediu que o seguro desemprego seja isento de impostos, ao notar que atualmente 3,6 milhões de americanos recebem esse benefício. Na segunda-feira, McCain tentou desesperadamente conseguir o apoio dos eleitores, atingidos pela crise financeira, ao dizer que tem um plano para conter a crise. "O que a América precisa neste momento é de um lutador, alguém que coloque todas as suas cartas na mesa e confie no julgamento do povo americano", disse o candidato republicano em discurso no balneário de Virginia Beach.

O Estado da Virgínia é considerado um 'swing state', ou seja, um estado onde tanto McCain quanto Obama podem vencer, o que numa disputa apertada por significar a vitória no colégio eleitoral.

Obama apresentou suas propostas na segunda-feira. Ele propôs uma moratória de 90 dias na execução de hipotecas, uma nova linha de crédito para estados e municípios, isenção de impostos nos saques dos planos de aposentadorias e um incentivo de US$ 3 mil para cada emprego que for criado dentro dos Estados Unidos, um incentivo que seria pago ao empregador. O plano de Obama com medidas para a classe média soma US$ 60 bilhões; se contadas todas as medidas para socorrer a economia, o gasto por ele proposto é de US$ 175 bilhões.

O conselheiro econômico de McCain, Doug Holtz-Eakin, disse que as propostas do seu candidato são "bem superiores" às apresentadas por Obama. Holtz-Eakin alertou que as políticas de Obama "ameaçam a economia americana com aumentos de impostos, propostas explosivas de gastos, gastos altos na saúde, uma política fraca de energia e inclinações protecionistas no comércio". "É um conjunto de políticas que, na prática, matarão empregos e deixarão a situação mais difícil", afirmou.

Já a campanha de Obama criticou o plano de McCain. O porta-voz da campanha, Bill Burton, disse que o plano não dará "alívio nos impostos para 101 milhões de famílias trabalhadoras, incluídos 97% dos cidadãos, e não corta impostos para pequenas empresas ou dá a elas acesso ao crédito".

O candidato a vice-presidência dos EUA, Joe Biden, acusou McCain de não ter novas idéias.

"O que John McCain fez? Ele apresentou apenas alguns novos ataques contra Barack Obama".

Pesquisas

Obama ampliou a vantagem sobre McCain, segundo uma pesquisa divulgada nesta terça-feira. A sondagem da Universidade Quinnipiac aponta Obama com uma intenção de voto entre 51% e 54%, em quatro Estados cruciais para a corrida eleitoral.

Obama também lidera ou ao menos empata com McCain entre eleitores brancos pela primeira vez no Colorado, em Michigan, Minnesota e Wisconsin. "A vantagem do senador Obama nesses quatro Estados cruciais é tão alta como tem sido em toda a campanha", aponta Peter Brown, diretor-assistente do Instituto de Pesquisas da universidade.

Segundo Brown, a vantagem do democrata é bastante alta e, caso McCain consiga uma reviravolta nesse cenário, seria algo "nunca visto antes na era moderna" das eleições norte-americanas, na qual os institutos de pesquisas monitoram a opinião pública durante toda a campanha.

Obama foi elogiado pelos eleitores pelo seu plano econômico - tema crucial na atual campanha - e por seu desempenho no debate da semana passada. O último dos três debates previstos antes das eleições de 4 de novembro ocorre amanhã, quarta-feira, às 22h (horário de Brasília). As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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