Tegucigalpa - Um grupo de especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou ontem que hondurenhos estão contratando ex-paramilitares colombianos como mercenários para proteger suas famílias e propriedades por medo da eventual violência que poderá emergir da profunda crise política que o país vive há mais de cem dias.
Os cinco especialistas, integrantes de um grupo da ONU que estuda mercenários, afirmaram ter conhecimento de que 40 ex-integrantes do grupo Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) foram contratados por latifundiários o AUC é considerado uma organização terrorista pelos Eua e de que 120 paramilitares de diversos países foram chamados a Honduras para apoiar a deposição de Zelaya, em junho passado.
Conforme os especialistas, o objetivo das contratações, por parte dos hondurenhos, é proteger pessoas e propriedades de "mais violência". "Exortamos as autoridades hondurenhas a tomar todas as medidas práticas para evitar o uso de mercenários dentro do território e a investigar as acusações relativas à sua presença e às suas atividades", disseram os cinco especialistas em declaração divulgada em Genebra.
Honduras é signatário de uma convenção internacional que proíbe o recrutamento, uso, financiamento e treinamento de mercenários.
O grupo denunciou também que tanto forças de segurança hondurenhas quanto mercenários estão fazendo uso indiscriminado de "dispositivos acústicos de longo alcance" para perturbar Zelaya, seus familiares e simpatizantes que estão abrigados na Embaixada do Brasil no país. Os dispositivos lançam ruídos de vozes e de alarmes que alcançam cerca de 2 km. O uso do equipamento já foi amplamente denunciado por Zelaya.
Os especialistas são Shaista Shameem, de Fiji, Najat al Hajjaji, da Líbia, Amada Benavides de Perez, da Colômbia, Jose Luis Gomez del Prado, da Espanha, e Alexander Nikitin, da Rússia.
Repressão
A polícia hondurenha usou bombas de gás lacrimogêneo e canhões dágua para dispersar um protesto realizado na tarde de ontem diante do hotel no qual negociavam representantes do governo que assumiu depois de um golpe militar aplicado em 28 de junho e do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya.