A famosa praça Porta do Sol de Madri, lugar onde há um ano nasceu o movimento social 15M, voltou a ser palco de um protesto que se estendeu por todo mundo e levou milhares de manifestantes para as ruas da Europa, neste sábado (12).
Apesar do enorme aparato de segurança, os ativistas espanhóis marcharam pelas avenidas da capital, Barcelona e de outras 79 cidades do país. A Porta do Sol, apesar da presença de muitos policiais, foi ocupada por milhares de manifestantes.
Quatro passeatas que partiram de pontos diferentes de Madri se reuniram no local na tarde deste sábado. As mobilizações transcorreram sem incidentes, num ambiente lúdico e cheio de palavras de ordem, como "o povo, unido, jamais será vencido" e "povo, desperta, acabou-se a sesta".
Muitos dos ativistas carregavam cartazes com frases como "banqueiro ajudado, ladrão indenizado", "não à fraude do Bankia" (banco espanhol que deverá ser nacionalizado) e muitas outras criticando os cortes na educação e na saúde pública e contra a reforma trabalhista.
As autoridades espanholas advertiram os manifestantes de que os protestos devem acabar às 22h locais (19h de Brasília), mas muitas organizações já afirmaram que não respeitarão este horário.
Em Paris, diversos atos festivos encerraram as passeatas, que começaram de manhã em diferentes pontos da cidade e se concentraram na Fonte dos Inocentes, em Les Halles.
Neste local, os organizadores da marcha leram um texto no qual lembraram que "floresceram no mundo inteiro movimentos sociais, cidadãos, horizontais, solidários e não violentos para exigir e construir uma democracia real".
Mais ao norte, em Bruxelas, mais de 700 manifestantes aderiram à convocação mundial, em sua maioria belgas e espanhóis. Os manifestantes marcharam pelas ruas e protestaram diante de lugares simbólicos como o Banco Nacional e o Palácio da Justiça.
"Somos o 99%, a maioria que paga pela crise, enquanto o 1% são os que estão se aproveitando e ganhando dinheiro com ela", disse à Agência Efe Gonzalo Amandi, cidadão espanhol que mora em Bruxelas.
A passeata, que se desenvolveu sem incidentes, terminou na Porte de Hal, uma das entradas da antiga muralha medieval que rodeava a capital belga.
Em Londres, os manifestantes iniciaram o protesto pacífico aos pés da Catedral de São Paulo, em pleno distrito financeiro da cidade. O grupo "anticapitalista" Occupy London pediu que seus simpatizantes levassem barracas, num desafio à polícia, que há seis meses desalojou manifestantes acampados na cidade após uma longa batalha legal.
Os ativistas passaram por instituições localizadas no distrito financeiro, como bancos, fundos de investimento e companhias privadas, que segundo eles fazem parte do 1% "que gerou a crise econômica e que continua se beneficiando dela".
Em Portugal, centenas de pessoas se reuniram no centro de Lisboa e em outras seis cidades para se unir ao movimento europeu de protesto contra as políticas de austeridade e as más condições de trabalho.
Entre quinhentas e mil pessoas partiram da praça do Rossio, em Lisboa, e marcharam com cartazes, tambores e buzinas pela Avenida Liberdade sob o lema "Indignação e Mudança".
Os manifestantes cantaram palavras de ordem em alusão ao "movimento dos indignados" nos países do sul da Europa, com gritos como "Espanha, Grécia e Portugal, a luta é internacional".
Alguns dos cartazes tinham a forma de machados, em referência aos severos cortes trabalhistas aplicados no país. Outros faziam referência à austeridade, ao desemprego, à greve e à fome.
Uma das menores manifestações ocorreu na praça Syntagma, em Atenas, apesar da Grécia enfrentar uma situação social e política extremamente crítica.
A fragmentação política e os problemas para formar um novo governo, no entanto, centralizam desde domingo toda a atenção da opinião pública do país.
Em Israel, centenas de pessoas se manifestaram em Tel Aviv e em outras cidades do país, onde denunciaram a carestia de vida e exigiram melhorias sociais.