O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, reuniu seus simpatizantes e fez uma série de discursos desafiadores neste domingo (9), enquanto dezenas de milhares de manifestantes contra o governo se concentram na Praça Taksim, no centro de Istambul. Em discurso no sul da cidade de Adana, na costa mediterrânea, Erdogan minimizou os protestos e exaltou a multidão para "ensinar uma lição" aos manifestantes por meio das urnas no próximo ano, quando a Turquia realiza eleições locais e presidenciais.
"Aqueles agora em Taksim, aqueles que queimam e destroem, aqueles em vários locais em todo o país, eu lhes pergunto: em nome de qual a liberdade vocês estão fazendo isso?", disse Erdogan em um discurso nos Jogos do Mediterrâneo, um evento desportivo internacional realizado em Mersin. "Vocês devem ensinar-lhes uma lição nas urnas... Vocês vão passar de porta em porta, de casa em casa e trabalhar duro."
Ainda o político mais popular da Turquia, Erdogan vem mantendo as atividades de sua administração como de costume, apesar de uma das semana mais conturbadas em décadas, com fortes protestos políticos.
Mais cedo, discursando para multidões no aeroporto de Adana, a caminho dos Jogos, ele foi desafiador. Seu Partido AK descartou a possibilidade de eleições antecipadas e funcionários do partido disseram que podem chamar seus próprios encontros públicos em Istambul e Ancara na próxima semana. "Meus amados irmãos, estamos caminhando para uma Turquia melhor. Não permitam aqueles que tentam plantar sementes separatistas de fazê-lo", disse ele de cima de um ônibus estampado com sua imagem e o slogan do seu partido: "Grande País, Grande Poder".
Dezenas de milhares de pessoas se concentraram novamente em Taksim, onde policiais com apoio de helicópteros e veículos blindados entraram em confronto com os manifestantes há uma semana. Manifestantes pedem a renúncia de Erdogan. O que começou como uma campanha contra os planos do governo para a reurbanização do Parque Gezi culminou em uma exposição inédita da revolta contra o autoritarismo de Erdogan e de seu Partido AK, de raízes islâmicas.
A polícia disparou gás lacrimogêneo e canhões de água contra os manifestantes, noite após noite em Istambul e Ancara, na semana passada, em confrontos que deixaram três mortos e cerca de 5.000 feridos. Os organizadores dos protestos iniciais em Taksim repetiram seu apelo para o fim dos planos de remodelação, pela proibição do uso de gás lacrimogêneo pela polícia, demissão dos responsáveis pela violência policial, e o fim da proibição de manifestações.
Dezenas de milhares de pessoas também se reuniram no aeroporto de Ancara para o retorno do primeiro-ministro depois de uma semana em viagem à África do Norte, antes de retornar a Istambul.