A cúpula militar da Bolívia manifestou nesta segunda-feira (20) seu respaldo ao presidente Evo Morales, segundo quem um suposto complô para matá-lo, desbaratado na semana passada, visava também a destruir a democracia e dividir o país.
Já a oposição conservadora reagiu com ceticismo à operação policial de quinta-feira em Santa Cruz, apresentada por Morales como um golpe contra um grupo terrorista supostamente integrado por mercenários estrangeiros a serviço de movimentos separatistas.
A denúncia presidencial e a declaração de lealdade militar ocorreram durante uma celebração no aniversário do Colégio Militar do Exército, na primeira aparição de Morales em La Paz desde que a polícia matou três homens e deteve outros dois supostos envolvidos na trama.
De acordo com Morales, o plano "pretendia afetar a segurança interna e a unidade do país".
O comandante-chefe das Forças Armadas almirante José Luis Cabas, exigiu dos partidos e da sociedade civil "um comportamento de altruísmo e retidão", e lembrou que já faz 27 anos que as Forças Armadas cederam o poder político, depois de quase duas décadas de ditaduras.
"Temos o dever de defender o atual processo democrático. Senhor presidente, tenha a certeza de que muito apesar daqueles interesses sórdidos de alguns setores da população, que pretendem travar o processo de mudança que exigem as maiorias, as Forças Armadas cumprirão sua missão constitucional sem poupar nenhum esforço", afirmou.
Morales sugeriu que os suspeitos mortos estavam ligados a grupos autonomistas de direita do Departamento de Santa Cruz, que "buscavam de maneira violenta tomar o poder... e se não tiverem a possibilidade de tomar pela força o governo querem separar algum Departamento".
O presidente também advertiu a "algumas famílias bolivianas" que o governo instruiu as forças de segurança a "cumprir sua obrigação de garantir a segurança nacional e a integridade do território nacional".
"(Somos) obrigados a combater esses grupos de extrema direita, tomara que algumas famílias bolivianas se afastem desses grupos, porque grupos estrangeiros que pensem vir se equivocam, aqui vão ser combatidos duramente para defender a unidade nacional como também a democracia," afirmou.