Os militares egípcios esperam que dezenas de milhares de pessoas abandonem as greves e protestos e acatem nesta quarta-feira o apelo para voltarem ao trabalho, depois da rebelião que derrubou o presidente Hosni Mubarak.
Diante das liberdades recém-adquiridas com a queda da ditadura, muitas categorias - de bancários a guias de turismo; de policiais e metalúrgicos - decidiram levar reivindicações trabalhistas às ruas, mas os militares, que agora governam o país, temem que isso prejudique ainda mais a economia, praticamente paralisada durante os 18 dias de rebelião que levaram à renúncia de Mubarak.
"Mubarak foi embora, mas os problemas ainda são os mesmos, ou maiores", disse o economista John Sfakianakis, do Banque Saudi Fransi. "A esta altura, eu estaria mais otimista do que na semana passada, já que não há centenas de milhares nas ruas."
A rebelião no Egito - parcialmente inspirada numa revolta semelhante ocorrida semanas antes na Tunísia - repercute em todo o Oriente Médio. Durante a madrugada desta quarta-feira, centenas de pessoas entraram em confronto com a polícia e com simpatizantes do governo na cidade líbia de Benghazi, durante um protesto contra a prisão de um ativista.
Houve distúrbios também no Irã, no Barein e no Iêmen.
Enquanto o Egito discute as reformas democráticas a serem adotadas nos próximos meses, surgiram rumores sobre o estado de saúde de Mubarak, de 82 anos, que está refugiado na sua residência de veraneio, no balneário de Sharm el Sheikh, depois de fugir do palácio presidencial do Cairo. No seu último pronunciamento, Mubarak disse que desejava morrer no Egito.
A Arábia Saudita se ofereceu para recebê-lo, mas uma fonte do governo local disse que Mubarak recusou. "Ele não está morto, mas não está nada bem, e se recusa a partir. Basicamente, ele desistiu e quer morrer em Sharm", disse a fonte.
Na sexta-feira, os líderes do movimento pró-democracia pretendem realizar uma "Marcha da Vitória", para celebrar a queda de Mubarak e mostrar aos militares que continuam mobilizados.
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