O Ministério Público Federal (MPF) afirmou, através de uma nota nessa terça-feira (26), que o homem que ficou preso por 21 dias pela Polícia Federal não é um integrante da Al-Qaeda, um dos principais grupos terroristas do mundo.

CARREGANDO :)

Nessa terça-feira, o jornal "Folha de S.Paulo" publicou que um "integrande da alta hierarquia da Al-Qaeda" fora detido em São Paulo pela Polícia Federal (PF). "Não consta, porém, que desenvolvesse alguma atividade relacionada a ações de terror no Brasil", completa o texto assinado pelo colunista Janio de Freitas.

"A Polícia Federal recebeu informações do FBI (polícia federal americana) sobre a existência de um fórum fechado da internet, publicado em língua árabe, com mensagens discriminatórias e anti-americanas. A PF tinha a informação de que parte dos conteúdos eram postados a partir do Brasil", diz a nota assinada pela procuradora da República, Ana Letícia Absy.

Publicidade

Sob autorização, a PF quebrou o sigilo do computador do homem, que não teve a identidade revelada, e de que ele era responsável pelo fórum. Ainda segundo o MPF. "entende como deplorável o material publicado pelos integrantes do fórum."

"A investigação apontou que o fórum era organizado e possuía estatuto e que nada era publicado sem autorização do homem preso, entretanto não há indício de que esse grupo integre ou tenha praticado qualquer ato de uma organização terrorista. Não foram apreendidas armas, documentos secretos, planos, etc", completa a nota.

Além de não encontrar uma prova que ligasse o homem à Al-Qaeda, o suspeito possui situação regular no país, segundo a justiça de São Paulo.

Confira a íntegra da nota do MPF:

"MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DE S. PAULO

Publicidade

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

NOTA À IMPRENSA

26/05/09 - Investigação não comprovou que preso em SP é membro da Al Qaeda

Sobre a coluna de Jânio de Freitas, intitulada, "Al Qaeda no Brasil", publicada hoje pela Folha de S. Paulo, o Ministério Público Federal em São Paulo esclarece que:

1) A Polícia Federal recebeu informações do FBI sobre a existência de um fórum fechado da internet, publicado em língua árabe, com mensagens discriminatórias e anti-americanas. A PF tinha a informação de que parte dos conteúdos eram postados a partir do Brasil;

Publicidade

2) Após a quebra de sigilo telemático, foi confirmado que um cidadão de origem árabe, residente no Brasil, era o moderador do fórum e que este poderia estar ligado a algum grupo terrorista;

3) Uma vez quebrado o endereço de IP do investigado, foi autorizada a quebra de sigilo telemático, para interceptação das mensagens;

4) Após novas manifestações policiais, com a concordância do Ministério Público Federal, foi decretada a prisão preventiva do investigado e a busca e apreensão dos computadores usados por ele;

5) A Polícia Federal, entretanto, até o momento, não apresentou nenhum laudo que comprove a existência de conteúdo criptografado no computador do investigado e não foi comprovado que o homem preso em São Paulo, é membro de qualquer organização terrorista;

6) Foi juntado aos autos ofício do Federal Bureau of Investigation (FBI, a Polícia Federal americana), no qual o FBI apenas pediu para receber informações sobre o caso para fins de inteligência;

Publicidade

7) A 4ª Vara Federal Criminal de São Paulo, decidiu que a prisão do cidadão de origem árabe, após 21 dias, já não atendia mais os pressupostos legais para uma prisão preventiva. Foi consignado que o investigado vive em situação regular no país, com comércio e residência fixos em São Paulo, não possuindo pendência imigratória;

8) A investigação apontou que o fórum era organizado e possuía estatuto e que nada era publicado sem autorização do homem preso, entretanto não há indício de que esse grupo integre ou tenha praticado qualquer ato de uma organização terrorista. Não foram apreendidas armas, documentos secretos, planos, etc;

9) O MPF entende como deplorável o material publicado pelos integrantes do fórum e, por meio do Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos, atua há anos contra crimes contra os Direitos Humanos na internet, como os crimes de ódio. Tais mensagens de incitação à violência, ódio a americanos e intolerância religiosa, continuam sob análise do Ministério Público Federal, de forma serena, em busca da verdade real dos fatos e da correta aplicação dos pressupostos de um Estado Democrático de Direito.

São Paulo, 26 de maio de 2009

ANA LETÍCIA ABSY Procuradora da República"

Publicidade