O gabinete do presidente do Peru, Alan Garcia, vai oferecer renúncia por conta do escândalo nas concessões para exploração de petróleo, informou nesta quinta-feira (9) o premiê do país, Jorge del Castillo.

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A oposição pressiona García desde que, na quarta-feira, vieram a público gravações que ligaram membros de seu partido, o Apra, a um plano que favorecia grupos na concessão de contratos para exploração de petróleo, em troca de propinas.

"Vamos ao palácio presidencial para oferecer nossos cargos ao presidente para que ele possa decidir", disse Del Castillo ao deixar o Congresso, rodeado por seus colegas ministros.

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O ex-ministro de Minas e Energia Juan Valdívia já havia deixado o governo, com dois outros funcionários do ministério.

O Congresso do Peru decidiu investigar todas as concessões de óleo e gasolina desde 2006 e vai escrutinar dúzias de contratos assinados entre o governo peruano e empresas estrangeiras.

A polícia tentou prender membros do partido governista Apra implicados no caso.

Os ex-candidatos a presidente Lourdes Flores e Ollanta Humala, além da deputada Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, pediram mudanças no governo. "Há fitas que envolvem o primeiro-ministro, e achamos que há uma responsabilidade política da sua parte", disse Keiko.

Uma pesquisa do instituto Ipsos Apoyo mostra que a taxa de aprovação de García é de apenas 19%, e que a corrupção é a principal queixa dos peruanos contra o governo.

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No domingo, um programa investigativo de TV divulgou as primeiras fitas do caso, nas quais Alberto Quimper, diretor da agência reguladora de energia Perupetro, conversava com o político governista Rómulo León a respeito de um suposto favorecimento da pequena empresa norueguesa Discover Petroleum numa licitação.

Quimper, responsável pela organização das licitações e contratos de exploração, e César Gutiérrez, presidente da estatal Petroperú, foram demitidos. Quimper está preso, e León está foragido.

A Discover, que estabeleceu parceria com a Petroperú, recebeu em setembro o direito de explorar cinco blocos de petróleo, mas posteriormente o governo suspendeu a licitação.

Desde o surgimento do escândalo, novas fitas vêm sendo divulgadas diariamente, inclusive a que implicou Castillo, que é o articulador político do governo.

O primeiro-ministro negou qualquer irregularidade e disse que seu nome foi meramente citado em gravações de lobistas que pleiteavam favorecimentos.

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O presidente reiterou a promessa de demitir todos os envolvidos. "Vão rolar todas as cabeças que precisarem rolar", disse ele.

O novo ministro das Finanças do país, Luis Valdivieso, ex-executivo do FMI, disse que as suspeitas de corrupção, coincidindo com a atual crise financeira global, podem dificultar a vinda de investimentos estrangeiros para o Peru. "A crise que estamos vivendo internamente...sem dúvida afeta a imagem do país", disse.