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Escândalo

Passeata contra García e a corrupção reúne milhares no Peru

Milhares de peruanos foram às ruas nesta terça-feira (7) contra o governo de Alan García, uma dia depois da renúncia do ministro da Energia devido a um escândalo de manipulação das concessões para a exploração de petróleo.

A Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (GGTP) exigiu uma reforma ministerial e uma revisão do modelo econômico neoliberal, que segundo críticos não conseguiu conciliar o crescimento econômico com a redistribuição de renda.

"Algo cheira mal", disse o dirigente sindical Mario Huaman. Manifestantes levavam cartazes dizendo que o partido de García está "corrupto como sempre".

Os protestos, ocorridos em várias cidades, estavam planejados semanas antes do surgimento do escândalo, na noite deste domingo. Mas eles refletem a frustração com o governo García e o temor de que a crise financeira internacional afete o país.

A taxa de aprovação do presidente caiu para 19 por cento, segundo o instituto Ipsos Apoyo, e a maior queixa dos peruanos é a corrupção.

O novo caso levou à demissão do ministro Juan Valdivida e de dois outros funcionários de alto escalão do setor. Um deles, Alberto Quimper, da agência reguladora Perupetro, apareceu numa gravação de áudio, divulgada num programa de TV, aparentemente aceitando favorecer a pequena empresa norueguesa Discover Petroleum num leilão de concessões.

Um dirigente do partido governista Apra, Rómulo León, também era ouvido na gravação.

A Discover, em parceria com a estatal Petroperú, recebeu em setembro o direito de explorar cinco blocos, mas o Ministério da Justiça suspendeu o leilão.

"Não tenho dúvidas de que há mais, ninguém deve achar que se trata de um caso isolado", disse o jornalista e ex-ministro do Interior Fernando Rospigliosi por uma rádio.

García agiu rapidamente para conter o estrago e exigiu punições exemplares aos corruptos.

Mas na terça-feira a Discover jogou lenha na fogueira ao divulgar uma nota afirmando ter feito pagamentos diretos a León e indiretos a Quimper, que foi subcontratado pelo escritório de advocacia da Discover para prestar consultoria tributária.

A Discover diz ter pago, entre maio e outubro, 63.750 dólares a León e 60 mil ao escritório que contratou Quimper.

A empresa não esclareceu se sabia que Quimper, além de consultor tributário, era membro da direção de Perupetro. Mas a empresa negou ter pago subornos.

"O processo de licitação completamente aberto e transparente, e não poderia ter sido influenciado por eventuais subornos", disse a empresa.

"O fato de que esses indivíduos estivessem sendo monitorados sob a suspeita de corrupção já antes que tivéssemos quaisquer interesses empresariais no Peru indica que nós é que fomos enganados", acrescentou a nota.

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