A Justiça argentina vai interrogar a ministra da Defesa, Nilda Garré, dentro de uma investigação sobre contrabando de armas. A ministra negou na quinta-feira envolvimento no caso, em uma onda crescente de denúncias contra o governo a três meses das eleições.
Garré disse a jornalistas que a intimação tem motivação política. A ministra da Economia, Felisa Miceli, pediu demissão esta semana depois de ter sido convocada a depor sobre o aparecimento de uma bolsa cheia de dinheiro de origem suspeita em seu gabinete.
Há dois meses, o presidente Néstor Kirchner demitiu dois funcionários de segundo escalão por causa de uma investigação sobre superfaturamento, e o chefe de gabinete teve de defender energicamente uma secretária acusada pela imprensa de malversação de fundos.
"Fui citada para agregar elementos ao juízo ou indicar provas que me pareçam pertinentes para esclarecer o caso", disse Garré a jornalistas ao sair de casa.
"Não conheço os motivos pessoais que o juiz possa ter tido, mas qualquer observador ... pode perceber que a eventual responsabilidade que o Ministério da Defesa possa ter tido está absolutamente superdimensionada."
No processo, a Justiça investiga a venda de material bélico a uma empresa dos Estados Unidos, a preços muito inferiores dos de mercado.
"No embarque que ia ser realizado em fevereiro deste ano, de partes e peças de armas, o subfaturamento foi tão grosseiro que não foi nem necessário recorrer a um estudo de valor para tomar a decisão de bloquear a exportação", disse a autoridade alfandegária num comunicado.
A Argentina escolhe seu novo presidente no dia 28 de outubro, e a grande favorita é a primeira-dama e senadora Cristina Fernández. Ela lança sua candidatura formal nesta quinta-feira.
Nos últimos meses, o governo do presidente Néstor Kirchner, que nos quatro anos de seu mandato manteve índices elevados de aprovação, sofreu confrontos judiciais, uma crise de energia e derrotas eleitorais em alguns distritos, o que aumentou as esperanças da oposição de chegar ao segundo turno.