O Fundo Monetário Internacional (FMI) abriu ontem, oficialmente, a corrida para definir quem vai ocupar a diretoria-geral. A ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, de 55 anos, saiu na frente, com a falta de articulação dos países emergentes para indicar um nome forte para a disputa.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu que o escolhido tenha um mandato provisório, até o fim de 2012, apenas pelo período em que a vaga seria ocupada por Dominique Strauss-Kahn, que renunciou na semana passada depois de ser preso por acusações de tentativa de estupro.
"Nós estamos analisando a possibilidade de sugerir que essa indicação agora seja apenas provisória, para completar o mandato do Strauss-Kahn", afirmou Mantega.
"Dessa maneira, para a sucessão propriamente dita, nós teremos um tempo maior para amadurecer e conhecer melhor os candidatos."
O ministro não indicou apoio a nenhuma candidatura. Mas ficou claro que o governo brasileiro não vai endossar o nome que será indicado pelo México, do presidente do Banco Central do país, Agustín Carstens.
"Teríamos que escolher alguma pessoa já experiente. Algum membro do G20, ministro da Economia ou presidente de Banco Central que tem acompanhado todos os problemas da economia mundial", declarou.
Francesa
Christine Lagarde já foi endossada por Alemanha, Reino Unido e Holanda, mas a França pretende garantir o apoio de todos os países da União Europeia antes de apresentar a indicação.
É uma estratégia para mostrar unidade da região em torno de um nome e fortalecer a candidatura. Por isso, a França pretende postergar até os últimos dias a formalização da candidatura da atual ministra das Finanças.
O Fundo vai receber candidaturas até 10 de junho e a escolha será feita até 30 do mesmo mês.
Embora Lagarde tenha dito ontem que ainda é prematuro discutir se ela deve ou não comandar o FMI, a imprensa francesa já discute sua sucessão no cargo chave para o presidente Nicolas Sarkozy. O jornal Le Figaro menciona o ministro do Orçamento, Françoise Baroin, como provável sucessor.
Lagarde poderá, no entanto, disputar a indicação à diretoria-geral do FMI sem deixar o cargo no governo francês. Ela só precisa sair do ministério quando for escolhida ao FMI, caso isso realmente aconteça.
Crise
A ministra disse ontem que quaisquer mudanças no pacote de resgate para a Grécia será decidido de forma coordenada entre o Banco Central Europeu (BCE), a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"O que quer que fizermos, faremos juntos", disse Lagarde. "Qualquer refinamento, melhora ou mudança estudada será considerara pelas três autoridades."