As insinuações de que a incursão russa na Ossétia do Sul tenha sido uma tentativa de dominar a Geórgia e derrubar seu governo "não fazem sentido", afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, nesta quarta-feira (13).
Escrevendo para o jornal britânico Financial Times, Lavrov disse que a ação militar de seu país foi uma "resposta proporcional a um ataque espontâneo contra cidadãos".
Moscou "não teve a intenção de anexar ou ocupar nenhuma parte da Geórgia e reafirma seu respeito pela soberania do país", escreveu o ministro.
A Geórgia e a Rússia concordaram com um plano de paz para a Ossétia do Sul, proposto pela União Européia, acordo que Lavrov prometeu cumprir.
"Nos próximos dias, sob a condição de que a Geórgia pare suas atividades militares e mantenha suas forças fora da região, a Rússia vai continuar a seguir os passos diplomáticos necessários para consolidar a suspensão temporária das hostilidades", escreveu Lavrov.
Ele também criticou a "interpretação no estilo Davi e Golias" do conflito, segundo a qual "a brava república da Geórgia, com seus poucos milhões de cidadãos, foi atacada pelo gigantesco vizinho oriental".
"Deixem-me ser absolutamente claro", escreveu. "Não é a Rússia que está fazendo este conflito. Não é um conflito que a Rússia escolheu. Não há vencedores neste conflito."
Ele disse que, horas antes do conflito começar, na sexta-feira, Moscou tentava obter um comunicado do Conselho de Segurança da ONU que pedisse à Geórgia e à Ossétia do Sul que abandonassem o uso da força, mas os países ocidentais vetaram a medida.
Os ministros das relações Exteriores da União Européia se encontram na quarta-feira para discutir ações simbólicas contra a Rússia, para mostrar sua desaprovação do uso da força contra a Geórgia.
Alguns países da UE pediram forças de paz ou monitores russos nas duas regiões separatistas da Geórgia, Ossétia do Sul e Abkhásia.
Lavrov reafirmou a posição da Rússia como membro do Conselho de Segurança e do G8, que congrega as oito nações mais industrializadas do mundo, e disse que trabalhará para garantir uma solução pacífica e duradoura para a região, "mantendo suas responsabilidades como potência mundial".