O presidente sul-coreano Lee Myung-bak aceitou a renúncia de seu ministro da Defesa nesta quinta-feira, dois dias após um ataque da Coreia do Norte e em meio a críticas de que a resposta de seu governo teria sido demasiado lenta.
O ministro Kim Tae-young já tinha apresentado sua renúncia em maio, depois de ser criticado em relação ao afundamento de uma embarcação da Marinha sul-coreana, o navio Cheonan, em março, um incidente também atribuído à Coreia do Norte. Quarenta e seis marinheiros sul-coreanos morreram nesse ataque.
Lee só aceitou a renúncia do ministro nesta quinta "para melhorar o ambiente no âmbito militar e fazer frente à série de incidentes", disse um representante presidencial.
A Coreia do Norte fez uma série de disparos de artilharia contra a ilha de Yeonpyeong, ao largo da costa oeste da península, na terça-feira, matando dois civis e dois soldados, e destruindo dezenas de casas. Membros do partido do presidente Lee e parlamentares oposicionistas acusaram os militares sul-coreanos de lentidão em sua resposta.
O governo também foi criticado por sua suposta reação fraca ao incidente com o navio Cheonan, pelo qual a Coreia do Norte negou responsabilidade.
A China expressou nesta quinta-feira preocupação moderada em relação aos exercícios militares conjuntos dos EUA e Coreia do Sul no Mar Amarelo, enquanto a Coreia do Norte ameaçou lançar outros ataques ao Sul se houver mais "provocações".
O governo sul-coreano anunciou que vai aumentar seu contingente militar perto da Coreia do Norte após o bombardeio, que provocou um forte aumento na tensão na região de crescimento mais acelerado no mundo.
Os EUA estão aumentando suas pressões sobre a China para que contenha a Coreia do Norte, mas um porta-voz do ministério de Relações Exteriores chinês, em Pequim, disse que o que é necessário é que sejam retomadas as negociações envolvendo as duas Coreias, Rússia, China, Japão e Estados Unidos.
"Tomamos nota das informações relevantes e expressamos nossa preocupação com isso", disse o porta-voz Hong Lei, aludindo aos exercícios militares conjuntos previstos para a próxima semana e ao envolvimento neles do porta-aviões nuclear USS George Washington.
No passado, porém, a China empregou linguagem mais contundente para expressar seu desagrado. Em agosto, o Exército chinês disse que planos anteriores para enviar o George Washington ao Mar Amarelo o fariam perder respeito e ameaçou com danos de longo prazo às relações sino-americanas.
A Coreia do Sul expressou frustração com a China por esta não tomar partido, observando que até mesmo a Rússia condenou o ataque desta semana.Discurso belicoso
Mas a Coreia do Norte não abrandou seu discurso belicoso de praxe.
"(A Coreia do Norte) não hesitará em lançar uma segunda e até mesmo terceira rodada de ataques se os provocadores de guerra na Coreia do Sul voltarem a fazer provocações militares insensatas", disseram militares norte-coreanos, segundo a agência de notícias do país, a KCNA.
"Os EUA não podem esquivar-se da culpa pelo ataque recente. Se os EUA realmente desejam a distensão na península coreana, não deveriam abrigar impensadamente as forças fantoches sul-coreanas, mas controlá-las rigidamente para que elas não possam mais cometer provocações militares aventureiras."
A Coreia do Norte disse que o ataque foi em autodefesa, depois de o Sul disparar em suas águas.
De acordo com a mídia sul-coreana, o ataque de artilharia da terça-feira contra a ilha de Yeonpyeong provavelmente foi ordenado pessoalmente pelo recluso líder norte-coreano Kim Jong-il.
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