A economia é que manda. Os modelos econômicos que conseguiram prever o vencedor de todas as eleições presidenciais dos Estados Unidos realizadas no pós-guerra afirmam que o medo de uma recessão garantirá a vitória de Barack Obama em novembro.
Com base nas pessimistas previsões atuais sobre o futuro da economia norte-americana, três estudos diferentes mostraram o candidato democrata à Presidência conquistando entre 52 e 55% dos votos no dia 4 de novembro.
Se o cenário continuar piorando - muitos analistas acreditam que as coisas vão degringolar ainda mais até novembro -, as chances de vitória de Obama aumentariam.
"A economia, com certeza, não será um fator positivo para os republicanos", afirmou Ray Fair, professor de economia da Universidade Yale que montou em 1978 o mais antigo dos três modelos.
O modelo de Fair, que pressupõe um crescimento econômico moderado de 1,5% e uma inflação de 3% para os EUA, previu que o candidato republicano, John McCain, ficará com 47,8% dos votos, contra 52,2% para Obama.
"Trata-se de uma margem considerável, mas não de uma vitória folgada", afirmou o pesquisador, que realizou seus cálculos em abril. "A distância seria muito maior se tivesse havido uma recessão em 2008."
O ritmo de crescimento da economia norte-americana dobrou no segundo trimestre, projetando uma taxa anualizada de 1,9%. No entanto, a revisão para baixo de alguns dados mostrou que o volume de produção diminuiu 0,2% nos últimos três meses de 2007, o pior desempenho desse índice desde 2001.
"A economia é que manda, seu idiota" foi uma frase muito ouvida durante a disputa presidencial entre o democrata Bill Clinton, que acabou se elegendo, e o republicano George H. W. Bush (pai do atual presidente). A frase servia para lembrar os eleitores de que Bush pai havia enfrentado uma recessão durante seus anos de governo.
O modelo de Fair e uma versão montada pela empresa de projeção Macroeconomic Advisers, com sede em St.Louis, misturam fatores políticos com teorias econômicas para comprovar cientificamente a idéia de que os eleitores sempre colocam seu bolso em primeiro lugar.
De fato, pesquisas de opinião identificam de forma consistente que a economia é a questão mais importante para os eleitores norte-americanos.
VENTOS DESFAVORÁVEIS
O modelo da Macroeconomic Advisers leva em conta três fatores: se o candidato é ou não do partido então no poder, quais são seus índices de aprovação e há quanto tempo o partido então no poder elege-se.
Acrescentando a suas próprias estimativas sobre o crescimento da economia norte-americana a taxa de desemprego e o aumento do preço dos combustíveis, o modelo prevê que McCain ficará com apenas 45% dos votos.
"Esse modelo acertou qual partido seria o vencedor em 12 de 14 vezes", afirmou a Macroeconomic Advisers.
"A situação atualmente frágil da economia e a disparada do preço dos combustíveis significam ventos altamente desfavoráveis para a campanha de McCain. Isso se os eleitores derem a esses fatores a mesma importância que deram anteriormente", afirmou a empresa em um relatório enviado a seus clientes.
O terceiro modelo é do tipo "pão e paz" e foi idealizado por Douglas Hibbs, professor de economia aposentado pela Universidade de Goteborg, na Suécia.
Segundo Hibbs, pode-se prever o resultado das eleições presidenciais dos EUA com base em duas forças fundamentais: a média ponderada do crescimento per capita da renda real disponível e o número de militares norte-americanos mortos em combates travados no exterior.
"O crescimento médio da renda real estará em cerca de 0,75% no dia da eleição. O número acumulado de baixas sofridas pelos EUA no Iraque atingirá 4.300 ou mais", afirmou em um relatório de junho.
"Em vistas dessas condições básicas, o modelo Pão e Paz prevê que os republicanos ficarão com 48,2% dos votos."