O hindu nacionalista Narendra Modiaté é recebido com festa após ser eleito novo primeiro ministro| Foto: REUTERS/Anindito Mukherjee

Obama telefona para premiê que deixará o cargo na Índia

Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou sábado para o primeiro-ministro que deixará o poder na Índia, Manmohan Singh, para agradecê-lo por aprofundar as relações com os EUA, um dia após o partido de Singh perder as eleições.

Na sexta-feira, Obama já havia telefonado para o sucessor de Singh, o líder oposicionista Narendra Modi, e o convidado para ir a Washington.

Obama, que recebeu Singh em um jantar de Estado na Casa Branca, agradeceu o premiê "por seu papel em transformar e aprofundar as parcerias estratégicas entre EUA e Índia e pela cooperação nos desafios globais", informou a Casa Branca.

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Centenas de indianos se juntaram neste sábado nas ruas de Nova Délhi para acompanhar a carreata triunfante de Narendra Modiaté a capital, depois dele ter derrotado a dinastia Nehru-Gandhi e o partido que está no poder no Congresso da Índia, no que foi a maior vitória eleitoral no país em 30 anos.

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Modi se debruçou para fora do seu carro e acenou para seus partidários durante a ida do aeroporto até a sede do Partido Bharatiya Janata, no centro da cidade.

Hindu nacionalista, cujos críticos temem que seja divisor e autocrático, Modi evitou os assuntos religiosos em sua campanha para os 815 milhões de eleitores do país e venceu a maior eleição da história com promessas de desenvolvimento econômico para todos.

Três vezes ministro-chefe do Estado de Gujarat, ele não é experiente no círculo de poder de Nova Délhi. O filho de baixa casta de um vendedor de chá chegou ao poder como sinal do fim de uma era de descendentes do primeiro premiê da Índia, o herói da independência Jawaharlal Nehru.

"Quatro ou cinco gerações foram desperdiçadas desde 1952, e esta vitória foi obtida depois disso", afirmou Modi. Descrevendo-se como um "trabalhador", ele cumprimentou partidários, que jogaram pétalas de rosas sobre ele na chegada à sede do partido. Lá, ele se encontrou outros líderes e começou negociações para formar o gabinete.

Modi deu à Índia a primeira maioria parlamentar após 25 anos de governos de coalizão. Com quase todos os 543 assentos do Congresso divulgados até agora, o partido de Modi tem 282, dez a mais do que a maioria necessária para se governar. Com os partidos aliados, o número chega a 337, o melhor resultado desde o assassinato da primeira-ministra Indira Gandhi, o que levou seu filho, Rajiv, ao poder.

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A vitória de Modi dá a ele espaço para avançar em reformas iniciadas há 23 anos pelo atual premiê, Manmohan Singh, mas que empacaram nos últimos anos. Apesar de sua saída do poder, o primeiro-ministro foi nobre em seu discurso de saída e desejou boa sorte ao novo governo.

"Estou confiante sobre o futuro da Índia. Eu acredito firmemente que o crescimento da Índia como potência das economias em desenvolvimento é uma ideia que veio para ficar", afirmou.

Em seu discurso da vitória, na sexta-feira, Modi adotou um tom inclusivo, declarando que "os tempos de divisão na política acabaram. A partir de hoje, a política de unir as pessoas começará".

Em Washington, o governo Obama cumprimentou Modi e disse que ele receberá visto para ir aos Estados Unidos. O premiê-eleito teve visto negado em 2005 devido aos confrontos sectários no Estado de Gujarat.

Apostando na vitória de Modi, investidores estrangeiros injetaram mais de 16 bilhões de dólares em ações e títulos da dívida indianos nos últimos seis meses. Mas a economia da Índia está passando por seu pior momento desde a década de 1980, com baixo crescimento e inflação em alta, e não será fácil atender às expectativas de milhões de indianos que compraram a ideia de que Modi colocará rapidamente a nação no cenário das maiores potências econômicas mundiais.

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