A milícia islamita Boko Haram sequestrou outras dezenas de mulheres e meninas em duas localidades do Estado de Adamawa, no norte da Nigéria, depois de o Exército ter anunciado um cessar-fogo com os terroristas, informaram nesta quinta-feira (23) residentes de ambas as comunidades.
Os sequestros não foram confirmados pelas autoridades, mas os moradores disseram que cerca de 40 mulheres foram capturadas em Waga Mangoro e outras 20 foram sequestradas em Garta por supostos integrantes do grupo, que chegaram armados em motocicletas às duas localidades no sábado (18).
No dia anterior, o Exército nigeriano havia anunciado um acordo de trégua com os radicais islâmicos, que previa também a "iminente" libertação das mais de 200 meninas sequestradas há seis meses em um colégio de Chibok, o que também não ocorreu.
"Chegaram vários insurgentes armados. Eles foram matando todos os homens e meninos que encontravam enquanto iam de casa em casa para sequestrar mulheres e meninas", relatou por telefone à Efe Kuva Azira, um dos moradores que conseguiu escapar com vida de Garta.
Os governos federal e regional e o Exército não se pronunciaram sobre esse novo sequestro. O porta-voz do governo de Adamawa, Phineas Elisha, disse que ainda não foi possível confirmar o número de sequestros porque ambas as comunidades estão sob o controle de Boko Haram.
"Neste momento, não podemos confirmar o número exato, mas estamos muito preocupados com a situação", disse.
Na noite de quarta-feira (22), a explosão de uma bomba deixou cinco mortos e 12 feridos na estação de ônibus da cidade de Azare, no Estado de Bauchi, um dos mais afetados pela violência do Boko Haram.
Esses ataques, somados à violência registrada em Borno no fim de semana anterior, colocam cada vez mais em dúvida a veracidade do cessar-fogo anunciado pelo Exército.
A Câmara dos Representantes aprovou na quarta o pedido do presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, de destinar US$ 1 bilhão à aquisição de equipes militares para lutar contra a milícia, informou o jornal "Premium Times".
Essa não é a primeira vez que as Forças Armadas nigerianas anunciam um cessar-fogo com o grupo terrorista que resultou ser incerto.
Boko Haram, que significa "A educação não islâmica é pecado" em línguas locais, mantém uma sanguinária campanha no país, que deixou mais de três mil mortos neste ano, segundo dados do governo nigeriano.