Apontado como vitorioso pela imprensa boliviana com 63% dos votos apurados, o presidente reeleito da Bolívia, Evo Morales, deverá obter maioria entre deputados e senadores. Mas nem por isso resolverá suas divergências com a oposição, segundo analistas brasileiros. A principal dificuldade de Morales, de acordo com observadores, é com a proposta de criação da Câmara Comunitária Indigenista.
Projeto considerado fundamental por Morales, a instância será uma espécie de instituição independente para discussão e definição de temas indigenistas que envolvam questões jurídicas e policiais.
O sistema funcionará em três níveis federal, estadual e municipal. Para líderes oposicionistas, a proposta ameaça a estrutura federativa da Bolívia, uma vez que determina autonomia nas três esferas.
No entanto, autoridades brasileiras que acompanham o processo eleitoral na Bolívia afirmam que Morales não demonstra preocupação com o impasse. O presidente reeleito conta com a certeza de que terá maioria na Assembleia Legislativa Plurinacional e, com isso, conseguirá regulamentar os itens constitucionais que planeja.
Morales é considerado um amigo pelo governo brasileiro, segundo interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Porém, Bolívia e Brasil ainda não resolveram a questão do pagamento dos hidrocarbonetos líquidos do gás a parte considerada nobre do produto. O assunto se arrasta há mais dois anos e envolve cerca de US$ 100 milhões anuais.
Um acordo, firmado em 2007, determina que o Brasil passe a pagar pelos chamados líquidos do gás. Mas questões técnicas e políticas emperram a execução do acordo que é cobrado pelos aliados de Morales.
Paralelamente, o presidente reeleito afirma que pretende manter boas relações com o Brasil, independentemente de quem vier a ser o sucessor de Lula. Segundo ele, a responsabilidade dos governos latino-americanos é cuidar de todos os países do continente e defendê-los.
De acordo com a imprensa boliviana, o segundo colocado nas eleições, Manfred Reyes Villa, obteve entre 27% e 30% dos votos já apurados. Morales e Villa trocaram insultos durante a campanha eleitoral e o presidente reeleito chegou a ameaçar o adversário de prendê-lo.
Morales inicia seu segundo mandato a partir de 24 de janeiro de 2010. Na sua relação de prioridades, estão a atração de investimentos estrangeiros, a redução das taxas de desemprego e do nível de pobreza e a construção de estradas. A primeira gestão de Morales foi elogiada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), como ressaltaram os observadores brasileiros.
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