O ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner, marido da atual presidente Cristina Kirchner e aspirante a sucedê-la em 2011, morreu nesta quarta-feira depois de ter sido hospitalizado na cidade de Calafate, no sul do país. A notícia sacudiu a cena política local e elevou os preços dos ativos na Argentina.
Kirchner, de 60 anos, era tido como o assessor mais próximo da presidente Cristina Fernández de Kirchner, sua mulher e sucessora, e também um importante mediador no governo dela. Ele pretendia candidatar-se novamente a presidente na eleição do ano que vem. Era defensor de um Estado forte e encontrava resistência no setor empresarial.
"Foi uma morte repentina. Será divulgado um informe médico oficial", disse o médico de Kirchner, Luis Buonomo. O ex-presidente havia sido internado com urgência pela manhã.
Ele havia sido hospitalizado duas vezes este ano por problemas cardíacos. Em setembro, foi submetido a uma angioplastia em Buenos Aires.
Kirchner era deputado federal e secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), além de presidente do poderoso Partido Justicialista (peronista).
Kirchner chegou à Presidência da Argentina em 2003, quando o país começava a sair de uma profunda crise econômica. A recuperação se consolidou em seu governo, o que lhe permitiu deixar o cargo em 2007 com elevada popularidade. Sua mulher foi eleita para sucedê-lo e concluirá o mandato no ano que vem.
A presidente estava ao lado do marido quando ele foi internado no hospital José Formenti, em Calafate, onde o casal costumava passar os dias de descanso, segundo a mídia local.
Depois de divulgada a notícia da morte de Kirchner, os títulos argentinos subiram em média 4 por cento em Nova York e os ADR seguiam com força.
Em um dia em que os mercados argentinos estão fechados por causa de um feriado nacional, o analista Bret Rosen, da Standard Chartered, disse: "Isto definitivamente muda drasticamente o panorama político na Argentina. Os títulos estão subindo com a notícia, como uma reação imediata."
Antigo militante da centro-esquerda peronista, "K", como era conhecido na Argentina, tinha chegado à presidência em 2003, quando o país começava a sair de uma crise econômica grave.
Em seu governo o país passou por forte recuperação econômica, o que lhe permitiu entregar o cargo à sua mulher em 2007, com uma elevada popularidade.
Com seu estilo agressivo e de confronto, Kirchner impôs uma forma de fazer política que se desgastou depois que ele deixou a presidência.
"Quero transmitir minha dor e acompanhá-la", disse o vice-presidente Julio Cobos, que desde 2008 está em conflito com a presidente e pode se candidatar à Presidência no ano que vem.
Corpo pode ir a Buenos Aires
O chefe de gabinete do governo da Argentina, Aníbal Fernández, e outros funcionários partiram para El Cafalate por conta da morte súbita de Kirchner.
Dezenas de pessoas se reuniram em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, à espera de notícias sobre a morte do marido da presidente Critina.
A imprensa local informou que o corpo de Kirchner pode ser levado a Buenos Aires para um funeral, mas isso ainda não foi confirmado.
Lula decreta luto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto por três dias pela morte do ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner. A decisão foi anunciada nesta quarta, por meio de nota oficial, divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência.