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Manifestação na Argentina na noite desta quarta (19) | Marvin Recinos/AFP
Manifestação na Argentina na noite desta quarta (19)| Foto: Marvin Recinos/AFP

Horrorizadas com o brutal assassinato de uma adolescente, mulheres protestaram nesta quarta-feira (19) contra a violência de gênero com várias manifestações e atividades na Argentina, e que foram reproduzidas em cidades da Espanha e da América Latina.

O país está impressionado com o homicídio de Lucía Pérez, uma jovem de 16 anos que foi drogada, estuprada e empalada até a morte há duas semanas e que desatou a quinta mobilização contra violência de gênero no país este ano.

“Por essa e tantas Lucías é que se pede justiça. Para que não haja mais Lucías e nem mais famílias destruídas como a nossa”, pediu Marta Montero, mãe da jovem, em entrevista à rádio Vorterix.

As mulheres pararam seu afazeres durante uma hora, em vários escritórios privados e públicos, contra os feminicídios em Buenos Aires. Depois das 13h locais, protestos espontâneos e bloqueios de avenidas foram vistos, debaixo de chuva, onde era possível ler cartazes escritos “Nós paramos”, “Queremos ficar vivas”.

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“Temos que nos distanciar de todo tipo de violência, especialmente da violência de gênero, que hoje está nos atingindo e afetando muito”, disse o presidente Mauricio Macri, na inauguração de um edifício escolar nesta quarta-feira. “Estamos comprometidos em prevenir, erradicar e auxiliar” diante da violência de gênero, afirmou.

O Registro Nacional de Feminicídios, da Suprema Corte de Justiça argentina, indicou que em 2015 houve 235 mulheres assassinadas, uma a cada 36 horas.

Cerca de 18% das vítimas tinha menos de 20 anos, 43% entre 21 e 40 anos, 25% entre 41 e 60, e 9% mais de 60. Em mais da metade dos casos, os agressores foram companheiros ou ex-companheiros das vítimas.

Ao longo de 2016, 170 mulheres morreram, segundo a ONG Casa del Encuentro.

O horror se estendeu até a Espanha, que na última década conseguiu diminuir os casos mortais por violência contra mulheres. Lá, as vítimas mortais - espancadas, apunhaladas, queimadas - passaram de 71 em 2003 para 60 em 2015.

“Quantas Lucías Peréz mais até que parem de nos chamar de exageradas?”, diziam os cartazes dos protestos em Madri e Barcelona.

Para que não haja mais Lucías

Alfredo Estrella/AFP

O caso de Lucía Pérez serviu como gatilho para exigir justiça por todas as mulheres que sofrem a violência machista”, disse à AFP Gabriela Spinelli, uma das mulheres que seguiu a ordem de se vestir de preto nesta quarta-feira e fazer “barulho” com suas companheiras da Defensoria Geral da Nação, no centro da capital.

Apesar da chuva e do vento em Buenos Aires, as mulheres foram apoiadas com buzinas e aplausos - estes vindos de edifícios empresariais.

A iniciativa vista nas redes sociais promete, ao anoitecer, juntar mulheres em várias cidades do Chile, Uruguai e México, segundo o coletivo #NiUnaMenos.

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Lucía morreu em 8 de outubro no Mar del Plata, 400 km ao sul da capital. Ela foi estuprada e empalada causando uma dor tão insuportável que provocou uma parada cardíaca. Para evitar sua resistência, a promotoria sustenta que ela foi forçada a consumir cocaína em grandes quantidades.

O coletivo #NiUnaMenos convocou junto com outras 50 organizações a inédita paralisação nacional não só para levantar a voz contra o feminicídio, como também para expor a desigualdade da mulher no âmbito trabalhista.

A Argentina, que atravessa dificuldades econômicas, registra uma taxa de desemprego de 9,3%. “Mas no caso das mulheres já está perto dos 12%”, segundo cifras da organização Red de Mujeres.

Dentro dos 30% de trabalhadores informais e não registrados, muitos são mulheres, por causa da falta de direitos como licença-maternidade, subsídios por filho ou férias.

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