A morte de Fidel Castro não vai mudar a relação de Cuba com o Brasil, afirmou o embaixador brasileiro em Havana, Cesário Melantonio. Ele conta ao Globo que os dois países renovaram há pouco mais de um mês o convênio para que 11.300 médicos cubanos sirvam por mais três anos no programa Mais Médicos, e que empresas brasileiras estão anunciando investimentos da ilha. Melantonio acredita que o interesse dos turistas brasileiros por Cuba também tende a crescer.
Quem representará o Brasil no funeral de Fidel Castro?
Os ministros José Serra [Relações Exteriores] e Roberto Freire [Cultura] chegarão amanhã [esta terça-feira, 29] para a cerimônia prevista para as 19h.
O que pode mudar na relação entre Brasil e Cuba com a morte de Fidel Castro?
Não vejo nenhuma mudança na relação dos dois países. A relação segue bem. Em junho deste ano comemoramos os 30 anos do reestabelecimento das relações diplomáticas entre brasileiros e cubanos. Raúl Castro é presidente há dez anos e seguimos com uma boa relação entre os dois governos. Há pouco mais de um mês, renovamos o acordo do Mais Médicos por três anos, para permitir que 11.300 médicos cubanos atuem no Brasil. E acredito que está aumentando o interesse dos turistas. Em 2015, foram 17 mil brasileiros em Cuba, e devemos fechar este ano com 22 mil. Cresceu, mas é pouco perto dos 1,3 milhão de canadenses que visitam Cuba todos os anos. A retomada das relações entre EUA e Cuba favorece o turista brasileiro, que passa a ter mais opções de voos.
E como está a relação econômica entre os dois países?
Segue dentro da normalidade. Diversas empresas estão interessadas em investir em Cuba, mas não posso nomeá-las por questões de confidencialidade. Mas, há um mês, a brasileira Souza Cruz anunciou que terá uma fábrica no Porto de Mariel [famoso no Brasil por ter sido construído por empreiteiras brasileiras, com financiamento do BNDES], onde investirá US$ 123 milhões [R$ 417 milhões].
Uma eventual piora na relação entre Cuba e EUA poderá interferir na relação entre brasileiros e cubanos?
Eu acredito que a relação EUA-Cuba não interfere na ligação entre Brasil e Cuba, que é forte. E, como sempre na política, temos que esperar a posse do novo presidente americano (Donald Trump) para ver, de fato, o que ele fará. Não é momento para especulações.
Quais são os principais temas da agenda comum entre Brasil e Cuba?
Há investimentos brasileiros em Cuba: no comércio; uma parceria importante em biotecnologia; e uma forte relação cultural. Ainda em dezembro, teremos uma grande delegação no país para o Festival Internacional de Cinema de Havana. E, no começo do ano, uma outra grande delegação para a Feira do Livro de Havana.
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