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Os norte-coreanos que passaram clandestinamente para o Sul fugindo da opressão ou da fome expressaram nesta terça-feira (20) sua alegria, um dia depois do anúncio da morte de Kim Jong-il, odiado pelos refugiados políticos que esperam voltar a seu país quando a ditadura acabar.
"Nunca me senti tão feliz!", exclamou Lim Yong-sun, um ex-tenente do exército norte-coreano que desertou em 1993. "Meus amigos e eu estávamos tão eufóricos que comemos e bebemos durante toda a noite", contou à AFP.
Seus rostos radiantes contrastavam com as cenas de dramática tristeza coletiva divulgadas no Norte pela televisão estatal depois da morte do ditador, que dirigia o país com mão de ferro desde 1994.
"Como não se alegrar quando o carrasco do século morreu? O mais divertido é que Kim, que queria me matar, morreu antes que eu", ironizou Park Sang-hak, que preside a organização "Os combatentes por uma Coreia do Norte livre".
Com outros dissidentes refugiados no Sul, prevê lançar na quarta-feira em direção ao Norte 200 mil panfletos em balões inflados com gás hélio.
Um verdadeiro prazer depois de ter escapado recentemente de uma tentativa de assassinato em Seul. Um ex-membro das forças especiais norte-coreanas, que havia marcado um encontro com ele fazendo-se passar por um desertor, foi detido recentemente em posse de uma agulha envenenada e de outras armas.
Centenas de pessoas fogem todos os anos da fome e da repressão que atingem a Coreia do Norte. Oficialmente, mais de 21.700 norte-coreanos fugiram em direção ao Sul desde o fim da guerra da Coreia (1950-1953), a metade dos quais nos últimos cinco anos.
Outras centenas ou milhares vivem na China, a mercê de traficantes de seres humanos e das autoridades chinesas, que os consideram como imigrantes econômicos e os devolvem ao Norte.
Kim Seung-chul, um ex-arquiteto que dirige uma rádio transmitida em direção ao seu país natal, afirma que, "segundo pessoas bem informadas, as coreanos não estão tão tristes como mostra a televisão e que tudo foi orquestrado".
"Há uma possibilidade de mudança rápida na Coreia do Norte", acrescentou.
O Comitê pela Democratização da Coreia do Norte publicou um comunicado saudando a morte do líder comunista, mas também lamentou que Kim Jong-il não tenha sofrido o destino de ditadores como o líbio Muamar Kadhafi, morto pelos rebeldes em circunstâncias ainda pouco claras.
"Pagará no inferno por todos os sofrimentos desumanos que infligiu ao povo", afirma o comunicado. "O dia 17 de dezembro deveria ser o dia em que a democratização foi lançada no Norte e que os norte-coreanos recuperaram seus direitos".
Alguns dissidentes esperam que o inexperiente Kim Jong-un, o filho de Kim Jong-il designado para sua sucessão, não consiga se segurar no poder, apesar do apoio da nomenklatura, das forças armadas e da poderosa propaganda do regime.
Jung Gyoung-il, presidente da "Rede democrática contra o gulag norte-coreano", aposta também em um fracasso do que constitui a segunda sucessão hereditária desde Kim Il-sung, fundador do regime e avô de Kim Jong-un, falecido em 1994.
"Irá tomar o poder, mas não durará. No máximo três anos", disse Kim Seung-chul, o ex-arquiteto.
Park Sang-Hak também opina que "a sucessão é instável" ou, pelo menos, assim o espera.
"Kim Jong-il desapareceu rápido. Pensava que viveria ainda três ou quatro anos, mas agora que já não existe, está as possibilidades são menores para Jong-un".