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Coreia do Norte

Seul e EUA redobram vigilância após morte de Kim Jong-il

Veículos militares da Coreia do Sul se movimentam em uma zona desmilitarizada na fronteira com a Coreia do Norte | REUTERS/Lim Byong-Sik/Yonhap
Veículos militares da Coreia do Sul se movimentam em uma zona desmilitarizada na fronteira com a Coreia do Norte (Foto: REUTERS/Lim Byong-Sik/Yonhap)

O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Kwan-jin, e o secretário de Defesa americano, Leon Panetta, entraram em um acordo para manter uma postura defensiva firme quanto a Pyongyang após o anúncio da morte de Kim Jong-il.

As duas autoridades mantiveram uma conversa telefônica na qual definiram estabelecer uma estreita coordenação e vigilância sobre o regime comunista neste momento de incerteza política, informou a agência local "Yonhap".

Por outro lado, o general do Exército sul-coreano Jung Seung-jo, e seu colega em Washington, Martin Dempsey, se comprometeram a compartilhar todas as informações disponíveis para garantir uma firme e rápida resposta militar se for preciso, acrescentou a "Yonhap".

Após a morte do líder norte-coreano, o governo da Coreia do Sul ordenou às Forças de Segurança do país que aumentem a vigilância militar na fronteira e declarou estado de emergência.

Além disso, o Comando Conjunto das Forças da Coreia do Sul e dos EUA, que conta com cerca de 28 mil efetivos no país asiático, aumentou sua atividade e o número de soldados ao longo da fronteira para intensificar a vigilância.

Na noite desta segunda-feira, Pyongyang lançou um míssil de curto alcance que caiu no mar, embora esteja descartado que o lançamento tenha relação com o falecimento do líder norte-coreano.

Seul acredita que desde o ano passado a Coreia do Norte vem testando mísseis KN-06, com o objetivo de um eventual desdobramento dos mesmos.

Compromisso nuclear

A Casa Branca pediu nesta segunda-feira (20) ao novo governo da Coreia do Norte que cumpra com seus compromissos na área nuclear, após a morte do líder Kim Jong-il.

"Esperamos que a nova liderança norte-coreana dê os passos necessários para apoiar a paz, a prosperidade e um futuro melhor para o povo norte-coreano, inclusive agindo em seus compromissos para o desarmamento nuclear", disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney.

Carney estimou depois da morte de Kim Jong-il, devido a um ataque cardíaco, que Washington não tinha um terreno fértil para preocupações sobre depósitos de armas nucleares de Pyongyang, além das advertências prévias sobre o arsenal atômico.

Condenação

A Assembleia Geral da ONU aprovou, nesta segunda-feira (19), um voto condenando o desrespeito aos direitos humanos na Coreia do Norte horas após o anúncio da morte do líder do país, Kim Jong-il, que segundo organizações humanitárias liderou "um inferno na Terra", com o assassinato de milhares, senão milhões, de pessoas.

Os 193 países da assembleia aprovaram a condenação por 123 votos a 16, com 51 abstenções. A China, aliada da Coreia do Norte, estava entre os países contrários à resolução.

A medida, que é adotada anualmente pela Assembleia Geral, manifesta "uma preocupação muito grave" com a "tortura" e as "condições desumanas de prisão, de execuções públicas e de detenções extrajudiciais e arbitrárias" na Coreia do Norte. Não houve debate sobre a resolução que já foi adotada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Geral.

Minutos antes, o secretário-geral Ban Ki-moon informou por meio de seu porta-voz que a ONU "continuará ajudando o povo da Coreia do Norte" após a morte de Kim Jong-Il. As Nações Unidas tentaram arrecadar fundos para dar ajuda alimentar à Coreia do Norte, que sofre com a fome. A ONU fez um chamado para arrecadar US$ 218 milhões este ano, mas só conseguiu reunir 20% deste valor.

As organizações Human Rights Watch e Anistia Internacional manifestaram cautela com relação aos projetos reformistas do filho de Kim, e seu aparente herdeiro, Kim Jong-Un, destacando que a Coreia do Norte tem um dos piores históricos na área dos direitos humanos. "Sob o governo de Kim Jong-il, a Coreia do Norte foi um inferno dos direitos humanos na Terra", disse Kenneth Roth, diretor executivo da Human Rights Watch, ao afirmar que Kim foi responsável por milhares ou inclusive milhões de mortes em campos de prisioneiros, de trabalhos, execuções públicas ou inanição.

"Kim Jong-il será lembrado como o brutal supervisor da sistemática e maciça opressão que inclui a vontade de deixar seu povo morrer de fome", destacou Roth em um comunicado. "Quando assumir seu mandato, Kim Jong-Un deveria romper com o passado e colocar os direitos humanos no primeiro lugar e não no último na Coreia do Norte", afirmou. Sam Zafiri, diretor da Anistia Internacional para a região Ásia-Pacífico, afirmou que para assegurar que a Coreia do Norte se torne uma nação forte e próspera, "a nova liderança deve adotar na agenda os direitos humanos e deter a repressão que caracterizou a era de Kim Jong-il".

Morte

A morte do ditador norte-coreano Kim Jong-il, de 69 anos, foi anunciada nesta segunda-feira (19) por meio de um comunicado divulgado pela TV estatal. O locutor, vestindo preto, disse que o líder havia morrido no sábado (17), na capital Pyongyang, em virtude de excessivo trabalho físico e mental. Acredita-se que Kim tenha sofrido um derrame em 2008. O funeral está marcado para o dia 28.

No mesmo dia em que a morte do líder foi anunciada, o país testou um míssil de curto alcance na costa leste nesta segunda-feira, informou a mídia sul-coreana.

A agência de notícias Yonhap disse que uma autoridade do governo sul-coreano não acreditava que havia uma relação entre o lançamento do míssil e a morte de Kim.

Saúde

Ele apareceu relativamente saudável em fotos e vídeos feitos em suas recentes viagens à China e à Rússia, além de várias outras incursões pela própria Coreia do Norte, cuidadosamente documentadas pela mídia estatal.

O líder tinha fama de gostar de charutos, conhaque e da boa mesa. Acredita-se que ele sofria de diabetes e doenças cardíacas. Kim herdou o poder depois da morte de seu pai, Kim il Sung. Em setembro de 2010, provavelmente abalado pelo derrame, Kim anunciou seu terceiro filho, de pouco mais de 20 anos, Kim Jong Un, como seu sucessor, colocando-o em um dos postos mais altos do governo.

Fome e miséria

Kim Jong-un assume um país isolado, cuja economia foi devastada por décadas de desgoverno sob o comando de Kim Jong-il, que não buscou uma reforma econômica e preferiu aferrar-se ao planejamento centralizado e ao brutal esmagamento de qualquer oposição.

Estima-se que na década de 1990, sob o comando de Kim Jong-il, cerca de 1 milhão de norte-coreanos tenham morrido de fome. Mesmo em anos de safras boas, o Estado é incapaz de alimentar seus 25 milhões de habitantes.

Pouco se sabe de Jong-un, que supostamente tem menos de 30 anos, estudou por um curto período em uma escola da Suíça e foi nomeado no ano passado para altos cargos políticos e militares.

A KCNA disse que Kim Jong-il morreu às 8h30 de sábado (21h30 de sexta-feira no horário de Brasília), depois de um "infarto avançado agudo do miocárdio, complicado por um sério choque cardíaco".

A Coreia do Sul, ainda tecnicamente em guerra com o Norte, colocou suas tropas e todos os funcionários públicos em alerta emergencial, mas disse não haver sinais de nenhum movimento militar excepcional na Coreia do Norte.

Sucessão

Kim Jong-un foi citado em primeiro lugar numa longa lista de autoridades que comporão o comitê fúnebre, indicando que ele irá comandar a cerimônia, e num sinal de que ele assumiu - ou recebeu - a liderança do país. Mas haverá dúvidas sobre até que ponto o rapaz detém o real controle do país, e se a elite militar o aceitará.

Zhu Feng, professor de Relações Internacional da Universidade de Pequim, disse que claramente o mecanismo de sucessão está em andamento.

"A maior preocupação agora não é se a Coreia do Norte manterá sua estabilidade política, mas qual será a natureza na nova liderança política, e quais políticas ela perseguirá interna e externamente. Em curto prazo, não haverá novas políticas, só a afirmação da estabilidade política e da continuidade. Tão pouco depois de Kim Jong-il ter morrido, nenhum líder ousará dizer que um rumo político alternativo é necessário", disse Zhu.

Especialistas dizem que Jong-un tem inteligência e liderança que o qualificam como sucessor do pai. Ele também tem fama de ter um comportamento implacável, o que analistas dizem que será preciso para governar a Coreia do Norte.

A seguir, as datas mais importantes para a Coreia do Norte, um dos regimes mais fechados do planeta e única dinastia do tipo estalinista do mundo

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