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As autoridades paquistanesas ainda aguardam o resultado de um teste de DNA para confirmar aquela que pode ser a maior vitória da administração Obama na luta contra o terrorismo: a morte do líder do Taleban no Paquistão, Baitullah Mehsud.

Desde o início do novo governo americano, os EUA realizaram 15 ataques com aviões não-tripulados na região tribal do Waziristão do Sul, comandada por Mehsud. O último, no começo do mês, teria matado o líder terrorista.

Para a CIA e o exército paquistanês, Mehsud foi o responsável pelo assassinato de Benazir Bhut­­to, em dezembro de 2007. Pode tam­­bém ser considerado a pessoa que mais "fabricou" ho­­mens-bom­­ba para a Al-Qaeda no Afeganistão, em troca de assistência e dinheiro. Ainda que seu grande alvo tenha sido o exército do Paquistão, a morte de Mehsud pode ter enorme influência no andamento da guerra no Afeganistão.

Primeiro, porque um bombardeio bem-sucedido contra a maior figura do Taleban mostra que a cooperação entre Paquistão e EUA está dando certo – e que pode crescer ainda mais. No mês passado, o The New York Times publicou matéria afirmando que oficiais paquistaneses estavam temerosos com o aumento das tropas norte-americanas no país vizinho. O argumento era de que os militantes do Taleban poderiam fugir e adentrar o Paquistão pelo sul, numa fronteira pouco protegida por Islamabad – que prefere manter mais tropas na divisa com a rival histórica Índia. Após uma missão bem-sucedida, a parceria Washington-Paquistão pode render novos frutos.

Em segundo lugar, o Taleban paquistanês perde uma figura unificadora. Mehsud conseguiu unir tribos com pensamentos di­­vergentes para combater um inimigo comum. Em 2007, após líderes tribais aceitaram ficar sob seu comando, ele criou o Movimento de Talebans do Paquistão (TTP). Em julho daquele ano, após o cerco à Mesquista Vermelha, confronto de oito dias entre forças do governo e radicais islâmicos, Me­­shud declarou guerra ao Estado do Paquistão. O que se seguiu foram diversos ataques e sequestros de sua autoria contra soldados pa­­quistaneses.

Sem Meshud, o TTP pode se dividir. O serviço de inteligência paquistanês afirma já ter conhecimento de uma disputa interna entre líderes islâmico para suceder Meshud. "O que é certo por enquanto é que, com o símbolo do terror (Baitullah Mehsud) morto, a unidade de comando do TTP também desaparece. Isso, por sua vez, agita a estrutura de comando e faz o grupo se tornar vulnerável às pressões dos dois lados da linha Durand (fronteira entre Afega­­nistão e Paquistão)", escreveu Im­­tiaz Gul, chefe de um centro de pesquisa sobre segurança de Is­­lamabad, para a revista Foreing Policy.

Isso significa o fim do Taleban? Nem perto disso, afirma Nicholas Schmidle, jornalista americano que viveu dois anos no Paquistão. "O Taleban é uma milícia regenerativa; historicamente, a morte de um membro do Taleban só estimula outros a vingar quem se foi."

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