Porto Príncipe - Subiu a quase 300 na terça-feira o número de mortos pela epidemia de cólera no Haiti, e sanitaristas disseram que a doença tende a se "estabelecer" no miserável país caribenho, onde existem outras enfermidades endêmicas, como malária, tuberculose e Aids.
A epidemia começou há uma semana e atinge principalmente as regiões de Artibonite e Planalto Central, com 3.612 casos registrados e 295 vítimas fatais, segundo as autoridades haitianas.
O número de casos e mortos se desacelerou ligeiramente em relação aos últimos dias, e uma força-tarefa de médicos da ONU luta para evitar que a epidemia chegue a Porto Príncipe, a capital, onde há 1,3 milhão de desabrigados em decorrência do terremoto de 12 de janeiro, que matou até 300 mil pessoas.
A epidemia coincide com a campanha para as eleições presidencial e legislativa de 28 de novembro no país.
Roc Magloire, diretor de epidemiologia do Ministério da Saúde, disse a jornalistas que de cinco casos suspeitos de cólera na capital apenas um foi confirmado por exames laboratoriais.
Mas a ONU, o governo e agências humanitárias internacionais preveem que a doença ainda irá se propagar pelo país mais pobre das Américas, e por isso lançaram uma estratégia combinada de tratamento, contenção e prevenção para todo o Haiti.
"A próxima notícia para nós e para vocês será quando, geograficamente, novos bolsões da epidemia (...) emergirem, em Porto Príncipe ou outros lugares", disse à Reuters Michel Thieren, representante no país da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
As províncias do Norte e do Sul também tiveram casos suspeitos, ainda não confirmados.
Thieren disse que a ligeira redução no ritmo de novas mortes e casos na região de Artibonite, epicentro da epidemia, se deve em parte à agressiva reação médica internacional.
Segundo ele, após a fase mais aguda da epidemia "é normal esperamos um estabelecimento do cólera no Haiti em nível nacional nos próximos meses". Segundo ele, porém, é difícil prever como a doença irá se espalhar.
A ONU diz que não está descartada a hipótese de um surto com dezenas de milhares de casos em todo o país, e a vizinha República Dominicana também está em alerta. Embora a fronteira não tenha sido fechada, centenas de haitianos foram impedidos de atravessar para participar de uma feira agrícola que acabou sendo cancelada.
Esses são os primeiros casos de cólera nas Américas desde um surto registrado em 1991 no Peru. A Opas fez um alerta sobre a epidemia a outros países do Caribe, e disse estar buscando recursos de Estados membros - como Brasil, Cuba, EUA e Canadá - para combater a doença.
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