Autoridades das mais regiões afetadas pela passagem do furacão Katrina estimaram nesta terça-feira que os mortos pela catástrofe chegarão a centenas e que o número deve passar muito das 256 vítimas feitas pelo Camille, o furacão de categoria cinco que devastou a mesma área em 1969.
Um dia depois da passagem do gigantesco furacão Katrina pela Louisiana, Mississippi, Alabama e Flórida, a sensação nas regiões mais afetadas do Sudeste dos EUA é de que o pior ainda está por vir. Não só a contagem de mortos ameaça multiplicar-se drasticamente, como, em Nova Orleans, a água continua subindo sem parar, porque dois diques se romperam.
- Serão centenas (de mortos) - advertiu o porta-voz da cidade de Biloxi, Vincent Creel. - Com o Camille foram 200; estamos diante de muito mais que isso.
Biloxi e Gulfport, no Mississipi, receberam o impacto mais intenso dos ventos do Katrina, que chegaram a 240 quilômetros por hora. Na costeira Biloxi, de 50 mil habitantes, a maré subiu inacreditáveis nove metros. Em Gulfport, um cassino foi parar sobre um hotel. Mais cedo, o governador do Mississippi disse que havia relatos não confirmados de 80 mortes no condado de Harrison, onde estão as duas cidades.
- Esta é a nossa tsunami - disse AJ Holloway, prefeito de Biloxi, comparando a devastação que vê na cidade ao maremoto que matou centenas de milhares no Sul da Ásia em dezembro.
Trinta mortes ocorreram num único prédio, no litoral de Biloxi, que foi parcialmente derrubado e inundado. Jim Pollard, porta-voz do departamento de gerenciamento de emergências do condado de Harrison, disse a um jornal regional que pessoas que morreram o prédio de apartamentos foram afogadas ou esmagadas por destroços.
No Condado de Harrison, as comparações com o catastrófico Camille são inevitáveis. A tempestade de 1969 foi um dos três únicos furacões de categoria cinco a atingir os EUA. Estimava-se que o Katrina seria o quarto furacão cinco dos EUA - o que não se cumpriu por muito pouco. Mas a devastação pode ter sido muito maior.
Imagens aéreas mostram Nova Orleans totalmente inundada e áreas imensas da costa do Mississippi e do Alabama varridas.
- À primeira vista, a devastação é muito maior do que nossos piores temores. É inteiramente impressionante - disse a governadora da Louisiana, Kathleen Blanco.
A Louisiana ainda não divulgou um balanço do número de mortes, mas o prefeito de Nova Orleans disse que os serviços de socorro estão recebendo "muitos, muitos" relatos de corpos boiando.
- A cidade de Nova Orleans está devastada. Provavelmente temos 80% de nossa cidade debaixo de água, com alguns setores mergulhados em água que chega a seis metros de profundidade. Ainda temos muitos de nossos moradores em cima de telhados. Os dois aeroportos estão debaixo de água - disse o prefeito, em entrevista à emissora de TV local WWL, na noite de segunda-feira.
Uma grande parte do dique da Rua 17, no centro da cidade, rompeu-se, abrindo caminho para as águas da Lagoa Pontchartrain em vários bairros - inclusive o Quarteirão Francês, que havia sido relativamente poupado durante a tempestade. A brecha de 60 metros abriu-se no fim da manhã de segunda-feira, durante os ventos mais intensos.
- Há um vazamento sério e isso está fazendo a água continuar a subir - disse o prefeito Nagin
A maior empresa de resseguros do mundo, a Munich Re, estimou o custo da tempestade para as seguradoras em US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões, preliminarmente. O furacão Andrew, de 1992, o mais custoso da História dos EUA, custou US$ 21 bilhões às seguradoras.
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