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Guantánamo

Motorista de Bin Laden integrou Al Qaeda, diz acusação

Base naval de Guantánamo julgou o motorista de bin Laden: Hamdan protegia o líder da Al Qaeda, no Afeganistão, diz promotor | Joe Skipper / Reuters
Base naval de Guantánamo julgou o motorista de bin Laden: Hamdan protegia o líder da Al Qaeda, no Afeganistão, diz promotor (Foto: Joe Skipper / Reuters)

O motorista de Osama bin Laden, Salim Hamdan, jurou lealdade e forneceu serviços essenciais ao "mais perigoso terrorista do mundo", afirmou um promotor ao apresentar, nesta segunda-feira (4), as argumentações finais da acusação no primeiro julgamento por crimes de guerra realizado pelos EUA em Guantánamo.

O réu Hamdan, do Iêmen, seria um conspirador fundamental que protegia o líder da Al Qaeda no Afeganistão, tendo conhecimento do fato de os objetivos dele incluírem assassinar norte-americanos, disse o promotor John Murphy a um júri composto por seis oficiais das Forças Armadas dos EUA.

Os jurados devem começar a deliberar sobre a sentença de Hamdan já na segunda-feira.

"Ele conhecia todas as principais pessoas que cercam e protegem a Al Qaeda", afirmou Murphy. "Ele sabia das ações terroristas antes de elas acontecerem."

Segundo o promotor, Hamdan trabalhou como guarda-costas de Bin Laden e foi encarregado de fugir com o militante radical caso o comboio deles sofresse um ataque, formando assim a última linha de defesa do homem "situado no topo da pirâmide do terror".

O iemenita, que tem cerca de 38 anos de idade, foi capturado no Afeganistão em novembro de 2001. Ele pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado de conspirar com a Al Qaeda e de fornecer apoio material para o terrorismo. Esse é o primeiro julgamento norte-americano por crimes de guerra desde a Segunda Guerra Mundial.

No entanto, se Hamdan for inocentado ou condenado a uma pena menor do que seis anos de prisão (pena essa que já teria cumprido), os EUA afirmam que podem continuar mantendo-o detido até o final da "guerra contra o terror" declarada pelo presidente norte-americano, George W. Bush, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 realizados pela Al Qaeda.

O iemenita, preso há seis anos na base naval dos EUA na baía de Guantánamo (Cuba), diz que dirigiu para Bin Laden porque precisava do salário de 200 dólares que recebia. Mas nega ter ingressado na Al Qaeda, ter jurado lealdade ao militante ou ter participado de ataques.

Os advogados de defesa descrevem Hamdan como um civil comparável aos prestadores de serviço que trabalham para as forças norte-americanas.

O julgamento dele deve ser o primeiro a ser concluído nos polêmicos tribunais criados pelo governo Bush para processar os cidadãos estrangeiros acusados de terrorismo. Esses processos ocorrem fora das cortes civis e militares comuns.

Um ex-detento de Guantánamo, o australiano David Hicks, membro da Al Qaeda, evitou ser julgado na base naval ao declarar-se culpado do crime de prover apoio material para atividades terroristas. Hicks terminou de cumprir sua pena de nove meses de prisão no ano passado, na Austrália.

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