Zacarias Moussaoui, sentenciado à prisão perpétua na semana passada, retirou formalmente nesta segunda-feira a confissão que fizera anteriormente e disse que não estava escalado para participar dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Moussaoui, de 37 anos, disse em uma petição que contrariou seus advogados ao confessar envolvimento na conspiração, porque na época considerava o Judiciário americano "completamente distorcido".
"Como agora vejo que é possível que eu receba um julgamento justo, mesmo com jurados americanos, e que posso ter a oportunidade de provar que não tinha qualquer conhecimento nem fui membro do complô para sequestrar aviões e lançá-los contra prédios em 11 de setembro de 2001, desejo retirar minha declaração de culpa e pedir à corte um novo julgamento para provar minha inocência", afirmou.
Um júri americano negou o pedido de Moussaoui baseado em uma lei federal que proíbe que um réu retire sua culpa depois da sentença.
Na semana passada, um júri de nove homens e três mulheres concluiu que Moussaoui, única pessoa julgada nos EUA pelo 11 de Setembro, deveria ser sentenciado à prisão perpétua, em vez da pena de morte.
Um advogado indicado pelo tribunal para defender Moussaoui já alertava que a petição em que retira a confissão é "um esforço fútil".
Os advogados de Moussaoui - que raramente falam com seu cliente - disseram em um rodapé que estavam cientes de que a lei federal proíbe um réu de retirar a confissão após a sentença ser proferida, mas que foram adiante "devido à relação problemática com Moussaoui".
Nos últimos quatro anos, Moussaoui tentou em várias ocasiões demitir seus advogados, a quem acusava de serem parte de uma conspiração para matá-lo. O réu se disse "extremamente surpreso" por não ter sido condenado à morte, levando em conta "as emoções e o ódio contra mim pelas mortes do 11 de Setembro".
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