Roma - O escândalo sexual Rubygate, que envolve uma menor de idade e o premier da Itália, Silvio Berlusconi, esgotou a paciência de muitas italianas. No próximo domingo, elas farão um grande protesto para "defender sua dignidade".
"Não é uma mobilização política. É um movimento espontâneo de mulheres muito diferentes, de todas as idades, artistas e pessoas normais", explicou Elisa Davoglio, uma poetisa de 35 anos que administra um blog criado para a ocasião.
O manifesto das mulheres, intitulado: "Se não é agora, então quando?", assinado por mais de 50 mil mulheres em uma semana, denúncia "a representação indecente e repetida da mulher como objeto nu de comércio sexual nos jornais, na televisão e na publicidade".
"Estamos impressionadas com telefonemas de mulheres que querem participar, é como uma avalanche que nós não esperávamos", afirmou a cineasta Francesca Comencini, uma das organizadores, junto com sua irmã, Cristina, também cineasta.
Um vídeo foi postado no YouTube para chamar à mobilização de domingo.
Convocado por meio de redes sociais, o protesto está previsto para acontecer em cem cidades, entre elas Roma e Milão.
Processo
Ao mesmo tempo em que a pressão das ruas aumenta, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, disse ontem que o governo italiano poderá apelar ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, alegando que uma investigação que a promotoria de Milão conduz sobre o envolvimento de Berlusconi com uma rede de prostituição constitui violação da privacidade do premier. Frattini é aliado e amigo de Berlusconi.
A promotoria de Milão quer julgar Berlusconi sob as acusações de que ele pagou para fazer sexo com a marroquina Kharima El-Marough, e que depois usou o poder do cargo de primeiro-ministro para tentar esconder os fatos. Kharima, conhecida como Ruby, tinha 17 anos na época e hoje está com 18 anos. Berlusconi descarta todas as acusações e afirma que fazem parte de uma campanha de difamação.
Frattini afirmou que existe "uma rica jurisprudência" no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos em Estrasburgo (França). Ele disse que "a violação de privacidade é um tema que pode ser levantado não só na Itália, como também no tribunal de Estrasburgo".