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A comunidade internacional está profundamente dividida na segunda-feira quanto à ação militar na Líbia, apenas alguns dias depois de a ONU ter aprovado uma resolução estabelecendo uma zona de exclusão aérea sobre o país, a qual permitiu ataques aéreos do Ocidente para proteger os civis das forças do líder líbio, Muamar Kadafi.

Na votação sobre a zona de exclusão aérea no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, na quinta-feira, a Rússia e a China se abstiveram, mas fizeram críticas cortantes contra a operação. O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, comparou a campanha aérea às "cruzadas medievais."

Essa linguagem altamente emotiva fez com que ele fosse fortemente censurado por seu ex-protegido, o atual presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, que disse que o país não iria tomar parte em nenhuma coalizão militar na Líbia, mas estava aberto a um papel na manutenção da paz.

As divisões na questão, também presentes no âmbito dos aliados europeus, Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e no mundo árabe, refletem distintas agendas domésticas e metas de política externa.

O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, disse respeitar a resolução da ONU que autorizou a ação militar na Líbia, mas questionou no fim de semana a necessidade de bombardeios pesados que, segundo afirmou, mataram muitos civis.

"Nós respeitamos a resolução da ONU e não há conflito quanto a isso, especialmente por ter indicado que não haveria invasão, mas que protegeria os civis daquilo a que estão sujeitos em Benghazi", declarou Moussa.

A campanha aérea ocidental, liderada por França, Estados Unidos e Grã-Bretanha, dividiu os Estados membros da Otan. A Alemanha disse que as críticas da Liga Árabe à operação justificavam sua decisão de não se envolver.

"Nós calculamos os riscos. Se vemos que apenas três dias depois do início da intervenção, a Liga Árabe critica, acho que tivemos boas razões", afirmou a repórteres o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle.

MUNDO ÁRABE DIVIDIDO

O mundo árabe também se dividiu na questão. Aviões do Catar se uniram aos ataques das forças internacionais para impor a zona de exclusão aérea na Líbia. O Iraque disse apoiar a intervenção, embora o influente clérigo xiita Moqtada al-Sadr a tenha condenado.

Os rebeldes líbios aprovaram a campanha aérea, mas dizem querer tomar por si mesmos a capital, Trípoli, e não querem a entrada de tropas estrangeiras no país.

Os EUA, que mantêm tropas no Iraque e Afeganistão, descartaram a possibilidade de enviar forças terrestres. Já o ministro de Relações Exteriores da França, Alain Juppé, disse que os países árabes não queriam que a operação militar fosse conduzida pela Otan.

A Turquia, aliado-chave da aliança militar ocidental, se mostrou cética quanto a qualquer participação da Otan e o primeiro-ministro Tayyip Erdogan declarou que a operação militar contra as forças de Gaddafi deveria terminar o mais rápido possível, de modo que os líbios possam determinar o próprio futuro.

A China aumentou suas críticas contra a operação na Líbia. Seus jornais oficiais acusaram os países envolvidos na campanha aérea de violar as leis internacionais e provocar mais turbulência no Oriente Médio.

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