O presidente de Israel, Shimon Peres, disse nesta quarta-feira (1) ao novo primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, que o mundo apoia a criação de um Estado palestino, algo a que o líder direitista ainda não deu seu aval.
"O governo que o senhor lidera precisa fazer um supremo esforço para avançar o processo de paz em todas as frentes", disse Peres na cerimônia em que o ex-premier Ehud Olmert lhe transferiu formalmente o cargo.
"O governo que sai adotou a visão de dois Estados para dois povos, promovida pela administração dos EUA e aceita pela maioria dos países do mundo", afirmou Peres, que recebeu o Prêmio Nobel da década de 1990 por causa de acordos com palestinos. "O seu governo deve determinar o formato da realidade que vem", acrescentou.
O novo chanceler israelense, Avigdor Lieberman, entretanto, afirmou nesta quarta-feira que Israel não vai se submeter ao acordo patrocinado pelos Estados Unidos em 2007, na cidade americana de Annapolis, para a paz com os palestinos.
"A conferência de Annapolis não tem validade", disse o ministro, que é líder do partido de extrema-direita Israel Beiteinu.
Peres, um centro-esquerdista que já foi premier antes de ocupar o protocolar cargo de presidente, também citou uma iniciativa árabe para a paz, que oferece a normalização de relações com Israel em troca da criação de um Estado nas fronteiras pré-1967.
"Não conheço melhor alternativa que a paz para a região inteira, especialmente porque a necessidade árabe de paz está conjuminada com a ameaça iraniana de assumir a parte árabe da nossa região", disse Peres.
Netanyahu também tem destacado a desconfiança dos países árabes em relação ao Irã, país não-árabe que é o inimigo número 1 de Israel. Na cerimônia de quarta-feira, limitou-se a dizer que seu governo "terá de arregaçar as mangas e trabalhar".
Questionado por jornalistas a respeito das declarações de Peres, Netanyahu esquivou-se. "Ouvi seriamente e estou guiado por um senso de responsabilidade e pela necessidade de unidade", disse.
Repetindo uma tradição dos novos premiês israelenses, Netanyahu foi ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do Judaísmo, acompanhado pela esposa e por dois filhos adolescentes. Colocou uma prece manuscrita entre as pedras do muro.
"Nós iremos proteger (o local)", prometeu ele ao rabino responsável pelo muro, que fica dentro da Cidade Velha de Jerusalém, uma área capturada por Israel em 1967 e que também abriga lugares sagrados para cristãos e muçulmanos.
Israel considera que Jerusalém inteira é a sua capital, e Netanyahu prometeu jamais ceder a parte oriental para os palestinos, que a reivindicam como capital de seu eventual Estado.