Londres - O escândalo das escutas telefônicas ilegais fez a News Corporation, conglomerado do magnata australiano Rupert Murdoch, fechar o News of the World, tabloide de maior circulação aos domingos no Reino Unido.
Foi comprovado que jornalistas acessaram ilegalmente mensagens de telefones de políticos, celebridades, membros da família real, vítimas de crimes e até familiares de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e Iraque.
O escândalo fez os principais anunciantes do Reino Unido cancelarem suas campanhas de publicidade no jornal. Fez também o governo decidir abrir um inquérito público para investigar o caso.
A polícia acredita que até 4 mil pessoas tiveram seus telefones grampeados.
O News of The World é o jornal mais vendido aos domingos no Reino Unido, com uma circulação média de quase 2,8 milhões de exemplares e pertence ao grupo News Corporation (News Corp.), um dos maiores conglomerados mundiais de mídia, pertencente ao magnata australiano Rupert Murdoch.
O tabloide está envolvido em um escândalo desde 2006, quando apareceram as primeiras denúncias de que grampeava celebridades e até membros da realeza em busca de informações exclusivas.
O então editor do jornal, Andy Coulson, renunciou no ano seguinte, após um de seus repórteres e um detetive terem sido condenados pelo monitoramento ilegal das conversas telefônicas.
Em fevereiro de 2011, a Polícia Metropolitana de Londres iniciou uma nova investigação após alegações de que mais de 7 mil pessoas, entre elas atores, políticos, jogadores de futebol, apresentadores de tevê e outras celebridades, tiveram seus telefones grampeados. Pressionado mais uma vez, Coulson abandonou também o cargo de porta-voz de Cameron.
A crise se agravou após o premiê britânico, David Cameron, ter demandado ontem a abertura de um inquérito sobre os grampos e sobre a propina, mas afirmou que, antes, a polícia precisa encerrar a investigação.
Nesta semana, o escândalo ganhou outra dimensão com a denúncia de que um detetive que trabalhava para o jornal teria grampeado o telefone celular de Milly Dowler, uma menina de 13 anos que desapareceu em 2002 e depois foi encontrada morta. O detetive contratado pelo tabloide para hackear o telefone chegou a deletar mensagens do celular, dando à família falsas esperanças de que ela estaria viva.
Ontem a imprensa trouxe mais denúncias, desta vez de que o jornal teria invadido os telefones de famílias de vítimas dos atentados de 7 de julho de 2005, em Londres, e de familiares de soldados britânicos mortos em ação.