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Um cantor de músicas punk que ironizam o regime cubano chegou algemado nesta sexta-feira (29) a um tribunal de Havana, mas teve sua acusação de "perigo social" aliviada e acabou multado por "desordem pública".

Caso condenado, ele poderia cumprir uma pena de quatro anos de prisão por representar um "perigo social". Mas Gorki Aguila, 39 anos, acabou sendo multado em 600 pesos cubanos (cerca de 30 dólares) por tocar com um volume demasiadamente alto durante um ensaio, disse seu pai Luis Aguila.

O roqueiro recebeu aplausos e gritos de apoio de cerca de 15 amigos ao ser retirado do carro da polícia, nas escadarias do tribunal. Jornalistas e diplomatas estrangeiros (inclusive dos EUA), além de assessores de imprensa do governo, também passaram boa parte do dia no local à espera do cabeludo músico punk, que entrou calado.

A audiência foi a portas fechadas, e não ficou claro se Aguila será julgado imediatamente ou se foi apenas indiciado. Segundo familiares, ele foi detido na segunda-feira, durante as gravações de um novo disco da sua banda Porno para Ricardo.

As músicas da banda criticam duramente o governo cubano, inclusive os líderes Fidel e Raúl Castro. Os CDs da banda são proibidos na ilha, mas circulam clandestinamente.

O guitarrista da banda, Ciro Diaz, afirmou que o governo o considerou "anti-social" porque "ele não votava, não ia às reuniões dos Comitês de Defesa da Revolução e fazia canções contra o sistema cubano".

A acusação de "perigo social" costuma dizer respeito a pessoas que no entender das autoridades podem cometer crimes, por causa de fatores como uso habitual de álcool e drogas ou comportamento anti-social.

Aguila já havia sido preso por porte de drogas, o que ele diz ser uma armação do governo.

A Comissão Cubana de Direitos Humanos, uma entidade ilegal, mas tolerada, disse que aparentemente Aguila não cometeu crime que justifique sua nova detenção, e por isso ele deveria ser libertado.

Um recente relatório dessa comissão diz haver em cuba 219 presos políticos, e que detenções breves de adversários do governo se tornaram muito mais comuns no primeiro semestre.

As autoridades costumam acusar os dissidentes de serem mercenários a soldo dos EUA, país que há 46 anos mantém um embargo comercial contra Cuba e colabora abertamente com a oposição.

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