O papa Bento 16 reafirmou nesta terça-feira (17) a oposição da Igreja Católica ao uso de preservativos na luta contra a Aids. A declaração foi feita no início de uma visita à África, onde mais de 25 milhões de pessoas morreram por causa da doença nas últimas décadas.
Após uma recepção tumultuada na capital de Camarões, o pontífice declarou que a população do continente está sofrendo desproporcionalmente por causa da escassez global de alimentos, da crise mundial e das mudanças climáticas.
Sobre a Aids, disse que "ela não pode ser superada pela distribuição de preservativos". "Pelo contrário, eles aumentam o problema," afirmou. Desde sua eleição, em 2005, raras vezes Bento 16 se pronunciou de forma tão explícita contra o uso de preservativos.
A Igreja prega que a fidelidade dentro do casamento heterossexual, a castidade e a abstinência são as melhores formas de evitar a Aids. O Vaticano não aprova o uso de preservativos, mas alguns líderes eclesiásticos têm defendido seu uso em alguns raros casos, como em casais heterossexuais em que só um dos cônjuges tem a doença.
"A única solução tem dois lados: o primeiro é uma humanização da sexualidade, uma renovação humana e espiritual que traz consigo uma nova forma de comportamento entre as pessoas; e o segundo é uma verdadeira amizade, especialmente pelos que estão sofrendo, uma disposição em fazer sacrifícios pessoais", disse o papa, que defendeu "um comportamento correto a respeito do próprio corpo."
Bento 16 foi recebido por dezenas de milhares de pessoas que cantavam e dançavam ao longo dos 25 quilômetros que separam o aeroporto do centro da cidade.
Num momento em que o número de católicos vem diminuindo nos países desenvolvidos, a África é considerada vital para o futuro da Igreja. Mas a relação não é isenta de polêmicas, especialmente a respeito do uso de preservativos.
"Num momento de escassez global de alimentos, turbulência financeira e perturbadores padrões de mudança climática, a África sofre desproporcionalmente", afirmou o papa.
Falando a jornalistas no avião, ele havia declarado que a crise econômica é produto de um "déficit da ética nas estruturas econômicas".
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