Os sete primeiros dissidentes cubanos se apresentam em Madri: forte esquema de segurança e privacidade foi garantido ao grupo, que ganhou visto com direito para trabalhar no país| Foto: Dominique Faget/AFP

Aplauso

Amorim elogia libertações e se diz satisfeito

Da Redação, com Folhapress

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, elogiou a libertação de sete presos políticos cubanos ocorrida na noite de segunda-feira. Na manhã de ontem, em Brasília, o chanceler disse que não participou pessoalmente do acordo, mas parabenizou a Igreja Católica pela atuação "fundamental" no processo.

"Ficamos satisfeitíssimos. Aplaudimos o gesto do governo cubano. Porque [o acordo] vai apontando em um sentido que nós sempre dissemos que deveria ser o certo", afirmou o ministro.

O anúncio da medida em Havana fez o dissidente Guillermo Fariñas anunciar o fim da greve de fome que mantinha havia mais de quatro meses. Em março, após visitar Cuba, o presidente Lula condenou o uso da greve de fome por dissidentes como instrumento para serem libertados. "A greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade", disse na ocasião.

O Ministério de Relações Exteriores não comentou ontem a possibilidade de o Brasil receber dissidentes exilados. Para o Itamaraty, um possível acolhimento estaria condicionado ao interesse de algum prisioneiro de vir para o Brasil.

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Veja quem são os cubanos enviados à Espanha
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Os primeiros sete dissidentes cubanos a chegar à Espanha, acom­­panhados de funcionários do Mi­­nistério de Relações Exteriores e protegidos por um esquema de se­­gurança que não encaixava com seu status de imigrante, anunciaram a intenção de lutar no exterior pela democracia na ilha. En­­carcerados em 2003, eles deram entrevista após discurso do secretário espanhol de Estado para a América Ibérica, Juan Pablo de Laiglesias, que evitou críticas ao regime cubano.

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"Cuba merece a democracia", afirmou o jornalista Ricardo Gon­­zález Alfonso, um dos sete libertados. Mais quatro dissidentes de­­vem chegar hoje ao aeroporto Ba­­­­rajas, de Madri.

Único a responder aos jornalistas, Ricardo González foi ainda mais claro em sua disposição de lutar pelo fim da ditadura, e descreveu a libertação como "um pas­­so, mas não o último". "Uma palavra cabe a Cuba: mudança. Para mim e para os meus companheiros a mudança começa pela liberdade."

"Não nos consideramos manipulados. Em um processo de diálogo há quem cede de um lado e quem cede do outro. Somos a via de um caminho que pode ser o começo de uma mudança. Cada um tomou o caminho que achou mais conveniente. Uns ficaram na Ilha, outros emigraram. O exílio para nós é a prolongação da luta", disse González.

Oficialmente, eles não abandonaram Havana como exilados, nem Madri cogita reconhecê-los como refugiados políticos. Mas a situação é delicada: uma Dama de Branco, parte ativa da luta pela li­­beração do Grupo dos 75, do qual fazem parte, não pôde se aproximar deles. "Isso não pode ser visto como uma liberação. Vieram presos em um avião e agora estão presos dentro de uma sala. Faz sete anos que não nos vemos e não me deixam se­­quer cumprimentá-los", diz Blan­­ca Reyes, uma das fundadoras do movimento.

Ainda ontem, o ministro de Re­­lações Exteriores da Espanha, Mi­­guel Angel Moratinos, assegurou que Cuba vai libertar todos os presos políticos das prisões da ilha e não apenas os do chamado "Gru­­po dos 75".

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