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Conjuntura

Nacionalizações na América Latina ameaçam oferta de petróleo

O aumento da participação dos governos no setor petrolífero de vários países latino-americanos pode levar à diminuição da produção, pois esses governos tendem a usar para outros fins o dinheiro que serviria para manter os campos em funcionamento, afirmam analistas. Os preços elevados da energia incentivam produtores de gás e petróleo a alterarem seus contratos com empresas estrangeiras, a fim de encher os cofres públicos.

Na segunda-feira, o Equador anunciou que vai assumir o controle dos campos operados pela norte-americana Occidental Petroleum. No começo do mês, a Bolívia deslocou tropas para ocupar o setor de gás e petróleo. Já a Venezuela assumiu dois campos que eram operados pelas européias ENI e Total.

Mas especialistas dizem que países que recorrem à nacionalização normalmente vêem a produção diminuir ou estagnar, porque os recursos costumam ser desviados para gastos públicos.

- As empresas de petróleo tendem a ter conflitos com suas agendas e prioridades e se vêem em uma limitada independência do Estado. Isso pode afetar de forma adversa o investimento mais adiante - disse Antoine Halff, analista da empresa Fimat.

O preço do petróleo atingiu valores recordes nos últimos meses devido a preocupações com a oferta, e qualquer queda no fornecimento latino-americano pode representar aumentos para o consumidor dos EUA, maior importador do petróleo da América Latina.

Há preocupações com a escassez de investimentos e com a incapacidade técnica de estatais como a Petroecuador em operar campos mais complexos, segundo especialistas.

"Não está claro se a Petroecuador tem capacidade de operar os campos petrolíferos da Occidental e suas instalações de modo a manter os atuais níveis de produção", disse nota de pesquisa do Credit Suisse.

O Equador é um dos dez principais exportadores de petróleo para os EUA - vendeu cerca de 370 mil barris por dia em janeiro.

Na Venezuela, a falta de investimentos já começa a prejudicar a produção, pois o presidente Hugo Chávez investe os rendimentos do setor em programas sociais contra a pobreza, segundo analistas.

O governo reduziu na terça-feira sua meta de exportação do ano em 100 mil barris diários, em mais um sinal de que há problemas na produção da Venezuela, país que pertence à Opep.

Chávez, apontado como mentor da onda de nacionalizações na América Latina, também determinou que os contratos com empresas estrangeiras sejam alterados para darem participação majoritária à estatal PDVSA.

Isso significa que a Venezuela terá de gastar mais para manter a capacidade produtiva estável, embora novos programas governamentais consumam uma parcela ainda maior dos dividendos do petróleo. Especialistas alertam que esse pensamento de curto prazo pode deixar o país com grandes problemas mais adiante.

- Se os preços caírem ou se eles não conseguirem manter a produção, a galinha botará cada vez menos ovos de ouro - disse Sarah Emerson, da empresa Energy Security Analysis. - Meu palpite é de que não há muitos cálculos sendo feitos que digam que o preço do petróleo vai cair nos próximos cinco anos, então talvez não devamos fazer isso.

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