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"Nós não temos nada para comer há três dias", disse Rhema Harerimana, que fugia havia quatro dias: mulheres retornam para Kibumba, 28 quilômetros distante de Goma | Walter Astrada / AFP Photo
"Nós não temos nada para comer há três dias", disse Rhema Harerimana, que fugia havia quatro dias: mulheres retornam para Kibumba, 28 quilômetros distante de Goma| Foto: Walter Astrada / AFP Photo

Milhares de refugiadas caminhavam pelas estradas do leste do Congo (antigo Zaire) nesta sexta-feira (31), tentando voltar para casa. Os refugiados aproveitaram uma trégua declarada pelos insurgentes, enquanto enviados da Organização das Nações Unidas (ONU) e dos Estados Unidos se juntaram aos esforços para encontrar uma solução política para o conflito.

Mais cedo, os refugiados aproveitavam o cessar-fogo unilateral declarado pelos rebeldes na noite desta quarta-feira (29) para tentar deixar a linha de frente dos confrontos ocorridos nesta semana. Como não encontraram alimentos, muitos decidiram voltar para casa. Os insurgentes, que cercam a cidade de Goma, disseram que a assistência humanitária precisa chegar à população e que esse é um dos motivos para terem declarado o cessar-fogo.

"O cessar-fogo é frágil", disse Alan Doss, o enviado mais graduado da ONU para o Congo, que está em Goma nesta sexta-feira junto ao funcionário do governo dos Estados Unidos mais graduado para a África, Jendayi Frazer. "O cessar-fogo não agüentará por muito tempo a mais se não houver progresso político e diplomático", disse Doss.

Nas proximidades da cidade de Goma, capital provincial, havia muita miséria e corpos de soldados. Goma está cercada pelos rebeldes do general renegado Laurent Nkunda.

"Nós não temos nada para comer há três dias", disse Rhema Harerimana, que fugia havia quatro dias. Ela seguia nesta sexta-feira para Kibumba, 28 quilômetros distante de Goma. "Não há abrigo, não há comida. Minha única chance é ir para casa."

Nkunda iniciou uma rebelião há três anos, argumentando que o governo de transição democrática do Congo marginalizou a etnia tutsi. Apesar de firmar um cessar-fogo mediado pela ONU em janeiro, ele retomou os combates em agosto.

O general alega que o governo congolês não protegeu os tutsis das milícias hutus de Ruanda, quando aqueles fugiram após o massacre de meio milhão de tutsis em 1994.

O governo do Congo já indiciou Nkunda por crimes de guerra. A organização não governamental Human Rights Watch afirma já ter documentado casos de tortura, execuções sumários e estupros cometidos por soldados comandados por Nkunda, entre 2002 e 2004. Porém os grupos de direitos humanos também acusam o governo de atrocidades e saques.

O cessar-fogo declarado na noite desta quarta-feira parecia valer nesta sexta-feira. Nkunda disse que declarou a medida para permitir a chegada do auxílio humanitário e para que os refugiados pudessem ir para casa. Porém havia relatos de rebeldes impedindo a circulação de médicos pela região.

O presidente congolês, Joseph Kabila, eleito em 2006 na primeira eleição no país em 40 anos, luta para conter a sangrenta insurgência. O líder rebelde disse na quinta-feira que deseja negociar diretamente com o governo. As informações são da Associated Press.

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