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A Rússia alertou na quinta-feira (20) o presidente da Ucrânia para que não se torne "um capacho" sob os pés dos seus oponentes, num claro sinal de que Moscou deseja a reinstauração da ordem no país vizinho antes de entregar mais dinheiro.
Em meio a um cabo-de-guerra com o Ocidente na disputa por influência sobre a Ucrânia, Moscou elevou o cacife da aposta ao vincular explicitamente a liberação de um crédito de US$ 2 bilhões ao fim dos protestos.
O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, disse que a Rússia só pode lidar com "autoridades legítimas e efetivas - uma liderança na qual as pessoas não fiquem esfregando os pés feito um capacho".
É uma imagem poderosa no sentido de revelar como o Kremlin recrimina o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, por ter cedido terreno aos manifestantes no centro de Kiev.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, foi ainda mais incisivo, ao dizer a uma rádio que a prioridade da Rússia no momento é resolver o conflito, e que só depois da restauração da ordem poderá haver um "diálogo pacífico e construtivo".
Na quarta-feira, Yanukovich disse que "assessores" o aconselharam a reprimir os protestos com mais firmeza caso os líderes da oposição não se dissociem de elementos radicais e armados que estão nas ruas.
Fontes familiarizadas com o processo que levaria à liberação da segunda parcela do crédito russo de 15 bilhões de dólares disseram que a decisão agora está nas mãos do Ministério das Finanças, no que se tornou uma questão política.
"Dada a maneira como a situação se desenrolou, pusemos um freio. Cancelamos por enquanto. Mas não significa que o processo não possa ser retomado. A situação precisa se tornar mais clara", disse uma fonte.
"É uma decisão política", afirmou outra.
Em dezembro, a Rússia prometeu uma ajuda financeira de 15 bilhões de dólares a Kiev, além de anunciar uma redução no preço do gás. As ofertas foram vistas por analistas como uma recompensa de Moscou a Yanukovich por ter desistido de assinar um acordo comercial com a União Europeia.
Logo depois disso, a Rússia comprou 3 bilhões de dólares em títulos da dívida ucraniana. A liberação da segunda parcela de ajuda, no valor de 2 bilhões de dólares, era esperada para esta semana, mas agora já não há certeza sobre a data.
A Rússia negou que esteja "comprando" a ex-república soviética, argumentando estar oferecendo um "ato de amor fraterno" com um país que muitos russos veem como extensão do seu próprio, ligado por laços linguísticos e religiosos.
Nesta semana, diante do prolongamento dos conflitos no centro de Kiev, as autoridades russas alteraram abruptamente o seu tom, pressionando Yanukovich comprovar que continua no controle.