O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, descartou neste sábado (30) que tenha a intenção de renunciar e apelou à saída de que as principais forças parlamentares da Itália cheguem a um acordo para poderem formar um novo governo sobre as bases de uma série de reformas concretas.
Em um pronunciamento à imprensa na sede da Presidência da República, o Palácio do Quirinale, em Roma, Napolitano falou de "dois grupos" aos quais fez essa proposta e lhes pediu que formulem uma lista sobre os "temas essenciais" com os quais o país tem que lidar, de acordo com os compromissos contraídos com a União Europeia (UE), e que sejam apoiadas pelos partidos.
Napolitano disse que esses dois grupos, de personalidades e correntes políticas diferentes, deverão apresentar "propostas programáticas para que estas possam ser compartilhadas" pelas forças parlamentares, abrindo caminho para a formação de um governo.
"Não escondo do país as dificuldades que encontro e insisto em minha confiança na possibilidade de que se chegue a uma superação responsável do momento crucial que a Itália atravessa", afirmou.
Com estas declarações, Napolitano defende que a solução que pensou para a estagnação política surgida no país após as eleições gerais é a de formar uma espécie do governo de união nacional que aborde temas essenciais para o país.
O chefe do Estado insistiu além disso em várias ocasiões quanto à sua intenção de cumprir seu mandato até maio, negando assim a possibilidade de renunciar para acelerar a eleição de um sucessor que possa dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.
"Até sendo bastante limitadas minhas iniciativas para a formação de um governo, posso até o último dia do meu mandato criar condições favoráveis para desbloquear a rígida posição de oposição entre as forças parlamentares", disse Napolitano.
"Considero necessário ressaltar a exigência de que haja consciência por parte de todos os agentes políticos em relação aos problemas do país e da responsabilidade de formar um governo em um prazo que não se prolongue, tendo transcorrido já um mês desde as eleições", acrescentou.
E em uma clara mensagem, já não só ao país, mas também à opinião internacional, Napolitano lembrou que, por enquanto, continua vigente o governo tecnocrata de Mario Monti para despachar os assuntos mais urgentes.
"Não se pode escapar dos italianos nem da opinião internacional que um elemento de certeza na Itália é representado pela operabilidade do governo interino, que está a ponto de adotar medidas para a economia de acordo com a Europa e com a essencial contribuição do novo Parlamento", declarou.
Este anúncio do presidente italiano foi feito um dia após ele ter concluído a segunda rodada de consultas que realizou com as principais forças parlamentares, depois que o líder da centro-esquerda, Pier Luigi Bersani, que tem maioria absoluta na Câmara dos Deputados, mas não no Senado, não conseguiu os apoios necessários para a formação de seu governo.